A existência banal dos dias
Quando ela passa por mim às cinco para as duas, suspende-se por instantes a existência banal dos dias, como se alguém desligasse o interruptor do real, eu a salvo durante uns segundos, desprendido das paredes do escritório, Cristo ressuscitado pelo perfume dela — parece francês, será?, um cheiro a flores tão parecido com o que me chegava quando era miúdo em casa dos meus avós em São Pedro do Sul, eu e os meus primos a irmos à chicha nos terrenos dos outros apesar dos avisos, sobretudo do meu avô, que qualquer vizinho menos tolerante podia recambiar-nos a chumbo, ainda nós sem os dentes........© PÚBLICO





















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