Da Suíça de África de Cabral ao Estado falhado de Sissoco
Amílcar Cabral antevia para a Guiné um futuro promissor. Haveria de ser a Suiça de África, era o que dizia. Países de grandeza territorial equivalente, como intencionalmente fazia notar, a Guiné dispunha de boas condições para ir ao encontro do almejo de se transformar numa réplica suiça em África. O seu laborioso povo e os seus recursos naturais faziam parte do rol.
Homem sonhador, mas também terra-a-terra, não se sabe se Cabral acreditava assim tanto na sua profecia – tão longo e custoso haveria de ser o caminho que seria preciso fazer para levar a futura Guiné independente aos píncaros da Suiça original. Parecia mais o que lhe competia dizer (a sua oratória ajudava), para dar vazão à propaganda de que a sua luta libertária era sobretudo feita.
Estava a chegar ao fim a minha missão de três anos como correspondente da antiga ANOP na agora chamada Guiné-Bissau (um desengraçado composto, arranjado para a distinguir da outra Guiné, ali ao lado), quando ocorreu o primeiro golpe de Estado no país – o golpe de 14 de Novembro de 1980. Foi a partir daí que a aspiração de Cabral começou a esfumar-se. Tivesse ela sido o que quer que fosse.
No Estado, na economia e na sociedade – para tudo o que antes do golpe se olhasse notavam-se enormes carências, falhas e debilidades, o grosso delas devido a uma gritante falta de quadros e de capacidade de organização. O esforço notado no inocente propósito colectivo de fazer ”o melhor possível”, dava, no entanto, para acreditar que “as coisas” tenderiam a mudar”.
Os generosíssimos apoios internacionais com que o país contava ajudariam a isso. Os doadores, predominando entre eles os Nórdicos, pareciam estimulados por uma espécie de dever moral de ajudar uma nação forjada numa luta de libertação com a aura de exemplar. Ademais, os que agora a governavam davam mostras de o merecer – parecendo sérios e aplicados na sua missão.
Sissoco Embaló não chegou ao poder por via de nenhum dos muitos golpes de Estado que na esteira daquele passaram a abalar a Guiné-Bissau. Foi graças a uma eleição regular, mas na esteira da qual cedo começou a revelar a massa de que é feito. Braima Camará, o “inventor” da sua candidatura presidencial e........





















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