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O paradoxo da felicidade feminina

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25.11.2025

Devido a um viés anti-tecnologia, evitei durante muito tempo uma sugestão do algoritmo da Netflix até compreender o meu erro. Apesar do título e de se tratar de uma série espanhola, Machos Alfa não é mais uma diatribe feminista contra os homens: é, antes, um bom retrato das transformações mais obtusas que nos últimos anos assolaram as nossas sociedades e nos fizeram duvidar da sanidade mental do Ocidente, desde a defesa do poliamor até à confusão trans que tentam meter na cabeça das nossas crianças. O resultado foi uma série sobre o lugar de incompreensão em que homens e mulheres se encontram e fá-lo de uma forma muito divertida.

Como tenho argumentado, parte dessas transformações, e da confusão que geram, resulta de se ter familiarizado no discurso público a ideia da “página em branco”: a ideia de que nascemos como tábuas rasas, pelo que tudo o que somos e pensamos seria resultado de mera construção social – uma convicção especialmente errada quando é utilizada para defender que não há diferenças entre homens e mulheres.

Em sentido contrário, as teorias que melhor permitem compreender a realidade partem não só do pressuposto de que existem diferenças biológicas entre os dois sexos, como ainda de que essa diferença se verifica também acima do pescoço, pelo que herdamos estruturas cognitivas e psicológicas que resultam do processo evolutivo.

Isto não significa negar uma certa variabilidade individual, mas significa que, de acordo com uma regra de distribuição normal, homens e mulheres agrupados apresentam características distintas – e foi precisamente o reconhecimento dos contributos da psicologia cognitiva que........

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