Entre Hobbes e Rousseau
Livros como O Deus das Moscas ou O mal-estar na Civilização ajudam-nos a fazer um exercício que a modernidade tornou progressivamente mais difícil: recordar, como o pequeno Simon descobriu, que a fera se encontra no interior de cada um de nós – ou, na versão cristã, de que somos seres decaídos e, por isso, tendemos para o erro.
Esta lição, que os antigos conheciam bem, foi posta em causa com a modernidade das Luzes e a ideia, cunhada pelos filósofos desse período, de perfectibilidade humana. É possível que esse caminho tenha começado logo no Renascimento, de que o Discurso Sobre a Dignidade do Homem, de Giovanni Pico Della Mirandola, seria um bom exemplo. Mas é, sobretudo, no século XVIII que se estabelece a convicção de que o ser humano é um ser que se pode aperfeiçoar.
É nesta ideia de perfectibilidade que poderíamos fundar a noção de progresso que marca o pensamento moderno: é porque somos capazes de um aperfeiçoamento contínuo, que o progresso moral, social e político se tornaria possível. Se nos tornarmos moralmente melhor, podemos criar um mundo melhor e mais justo.
A consequência deste argumento não nos deve escapar: a perfeição era uma característica divina, pelo que a crença na perfectibilidade humana é, em certo sentido, uma tentativa de usurpação do lugar do Criador, capaz de governar e dispor sobre todas as coisas. Para muitos destes filósofos, um mundo sem Deus era inimaginável, mas foram eles que lançaram as sementes para esta divinização do homem e a crença na sua capacidade de fazer um mundo perfeito.
Assim se........





















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