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O Meu Deus Chora Diamantes

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22.11.2025

Há épocas em que a cultura deixa escapar aquilo que a filosofia já não consegue dizer. É de Nietzsche a confissão de que “só acreditaria num Deus que soubesse dançar.” Com ela, o filósofo alemão queria libertar Deus, e a Humanidade, dessa gravidade sisuda que sufoca a vida e a transforma numa coleção de medos e impossibilidades. Hoje, Rosalía, no seu mais recente disco, parece reinterpretar essa intuição cantando: “o meu Deus chora diamantes”, acrescentando, em seguida, “o amor que não se escolhe, não se abandona”. Vivemos numa era que pede escolhas como quem pede identificação: decide, posiciona-te, reage. Somos consumidores do voluntarismo — e simultaneamente suas vítimas.

Rosalía, no seu novo disco, parece regressar a uma verdade mais antiga do que a modernidade. Há quem ouça nisso apenas um leve lirismo, mas há ali um gesto mais sério: o........

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