Uma injustiça que brada aos céus
Muito se tem falado – e, diga-se de passagem, com toda a razão! – sobre as vítimas dos abusos de menores acontecidos no âmbito da Igreja, mas só destas, porque o Estado e a comunicação social continuam a fazer vista grossa dos muitos mais casos de pedofilia verificados no seio das famílias e das instituições educativas, artísticas e desportivas. A imprensa, que é impiedosa em relação a tudo o que se passa na Igreja católica, é de uma estranha condescendência, senão mesmo cumplicidade, com os abusos verificados na sociedade civil.
Dois casos recentes: o de um fundador e docente da Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE), no Porto, que, durante mais de trinta anos assediou impunemente alunos da instituição (Expresso, 15-9-2025). Não é menos escandaloso o caso de um professor que foi condenado a 8 anos de prisão por 62 crimes de abuso sexual de menores, e que, não obstante, foi agora colocado numa escola de Famalicão (Agência Lusa, 15-9-2025). Se estes dois escândalos tivessem ocorrido na Igreja, a comunicação social já teria exigido as cabeças dos responsáveis por essas instituições e das respectivas tutelas, e que as vítimas fossem indemnizadas, mas, como tudo aconteceu em instituições laicas, já ninguém está interessado em responsabilizar as chefias, nem em exigir compensações.
Se é verdade que a hierarquia da Igreja católica falhou, durante décadas, na prevenção e sanção deste tipo de crimes, especialmente escandalosos – pela sistemática desvalorização da gravidade destes delitos hediondos, pela gravíssima indiferença em relação às vítimas e pela criminosa cumplicidade com os abusadores que, por regra, permaneciam impunes –, a terrível crise verificada nos Estados Unidos da América e em outros países obrigou a uma mudança radical da lei canónica e da praxis eclesiástica. Graças a esta reforma, implementada por João Paulo II, Bento XVI e Francisco, na Igreja católica pratica-se, desde então, a tolerância zero para este tipo de abusos.
No entanto, o excesso de zelo de alguns pastores, talvez mais sensíveis à opinião pública do que à verdade e caridade, também foi causa de graves injustiças, nomeadamente em relação às vítimas das falsas vítimas, ou seja, aos sacerdotes que, à boleia da generalizada suspeição de culpa do clero, que inverteu a presunção de inocência, se viram injustamente caluniados e, o que é pior, totalmente abandonados e desprotegidos pelos seus pastores.
Já aqui denunciei, a seu tempo, a injustiça de que foi vítima um exemplar pároco do Patriarcado de Lisboa, conhecido por mais de meio século de irrepreensível actividade pastoral na capital, e que, não obstante, se viu impedido, durante........





















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