Pode ter caído por um escândalo judicial, mas a verdade é que este caso tem muito de político e pela política há muito que este governo PS deveria ter caído. Mal começou em 2015, mal teria que acabar anos depois.

Não sou jurista e muito menos ainda temos as peças para completar este vergonhoso “puzzle” a que estamos a assistir. Ou seja, o caso jurídico não o vou comentar, mas vou transmitir sim a minha opinião sobre o estado a que o PS, uma vez mais, conduziu o nosso país.

António Costa deixa o legado de um país no pântano. Um pouco à imagem dos últimos dois primeiros-ministros do PS, Guterres e Sócrates (pelos vistos, Costa aprendeu bem a lição de como arruinar um país). Ora vejamos, o legado político de António Costa é de ter sido um dos coautores do crescimento da direita-radical em Portugal. Os espalhafatos para que contribuiu ativamente serviram para o alimentar, ridicularizando o centro-direita que, com muito defeitos é certo, sempre se pautou por uma conduta séria e saudável. Mas isso não dá votos nem visualizações, não é?..

António Costa deixa o estado da educação numa lástima. 55.000 mil alunos não têm professores a pelo menos uma disciplina; as carreiras dos docentes não foram revistas; os mesmos ainda têm que ultrapassar o penoso desafio das colocações a centenas de quilómetros de casa; por pura demagogia ideológica acabou com os contratos de associação que serviam para poupar dinheiro ao estado e não o entregar de “mão beijada” a privados como muitos queriam mistificar, entre tantos outros problemas que dariam um artigo por si só.

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Na saúde instalou-se o caos completo e aquilo que ainda funciona (sim, porque não podemos, em bom nome da verdade, passar a ideia de que está tudo péssimo porque não é assim), funciona graças aos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde que todos os dias lutam para salvar o setor, passando por episódios muito difíceis naquele contexto. Com a prosápia a que nos habituou, este governo, representado pelo Sr. Ministro Manuel Pizarro, teve o desplante de afirmar que o SNS era um sobrevivente graças a uma “boia” chamada horas extraordinárias dos profissionais. Meus caros, mas andamos a brincar com o país? Temos um SNS que funciona (e mal) de horas extraordinárias (e deveras mal pagas) dos profissionais e altos quadros do PS ainda têm a desfaçatez de se dirigirem à praça pública elogiando António Costa pela sua capacidade reformista, mas que reformas houve na saúde?..

Na TAP, e mais recentemente na EFACEC, o PS provou, uma vez mais, que não tem projeto nenhum para o país, com exceção de alimentar clientelas políticas. A arte de governar do PS assenta numa ótica de reação e de gerir para o dia de amanhã (subentenda-se, as próximas eleições). Os casos vergonhosos que apresentei da TAP e da EFACEC, são radiografias perfeitas dessa ausência de rumo e projeto de país. Para além de todas as polémicas protagonizadas pelo governo (as novelas mexicanas a que todos assistimos) o PS quis nacionalizar a empresa sem qualquer garantia de algo positivo para o estado português, injetando mais de 3,2 mil milhões de Euros, para no fim privatizarem como já tinha acontecido em 2015 com o anterior governo. Pergunto, alguém achou isto razoável? Para não falar, obviamente, e lembrando, os tristes episódios que Pedro Nuno Santos protagonizou e que todos devemos ter em conta na hora de votar. Na EFACEC (outro escândalo mas tapado pelo protagonismo que a crise política obviamente tem) o maior descuido que nos podiam apresentar. Então, vamos injetar na empresa privada, assumindo-a, mais de 160 milhões de Euros sem qualquer garantia do devido retorno e pagando indemnizações milionárias a antigos gestores?

Poderia mencionar o estado lastimável em que se encontra o setor cultural, a habitação, a nossa miserável economia, o sistema de pensões completamente degradado, a imigração, a agricultura, a ausência de reformas, a destruição da ferrovia, entre tantos outros pontos de miséria de legado deste governo. O PS personifica aquilo que de pior a política tem, uma completa ausência de valores e uma falta de visão gritante. Governa para as capas de jornais e aberturas de Telejornais com anúncios de esmolas e nos bastidores é protagonista principal de um saque fiscal, sobretudo à classe média. Quando num país é necessário fixar jovens e talentos, famílias e empresas, no fundo, encontrar medidas concretas e com real impacto na vida dos jovens, o governo preferiu adotar como grande bandeira as férias nas pousadas da juventude. Nada contra a medida, mas nós merecemos muito mais.

Cabe à oposição organizar-se e encontrar um projeto de futuro para o país. Um projeto que, no fundo, englobe tudo o que foi aqui mencionado, mas que a execução e a forma de se estar, seja o seu oposto. Portanto, caros leitores, o governo não caiu apenas por questões judiciais, caiu porque já não se aguentava com os amálgamas que criou e com tão fraca governação. Caiu porque nunca os órgãos de soberania estiveram tão descredibilizados, caiu porque teve o condão de colocar Portugal atrás da Roménia no nível de vida, e claro, teve o seu golpe fatal na corrupção que faz parte do ADN socialista. António Costa não é um santo e são escusadas tamanhas tentativas de o santificar (em bom nome da verdade, também são escusadas manobras populistas de acusar alguém sem provas, colocando em cheque algo tão vital como é o principio da presunção de inocência). É certo que sobre ele não há ainda nada provado, mas após a detenção do seu próprio chefe de gabinete, de um amigo próximo e as fortes suspeitas de um ministro que é uma vergonha para Portugal e ainda só se mantem nesse cargo por prepotência de António Costa, a única solução era mesmo a demissão.

Mário Soares, fundador do PS, dizia que só era vencido quem desiste de lutar. Ora bem, António Costa e o PS são um exemplo de vencidos na vida política pois há muito que desistiram do nosso país.

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Os vencidos da vida política

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14.11.2023

Pode ter caído por um escândalo judicial, mas a verdade é que este caso tem muito de político e pela política há muito que este governo PS deveria ter caído. Mal começou em 2015, mal teria que acabar anos depois.

Não sou jurista e muito menos ainda temos as peças para completar este vergonhoso “puzzle” a que estamos a assistir. Ou seja, o caso jurídico não o vou comentar, mas vou transmitir sim a minha opinião sobre o estado a que o PS, uma vez mais, conduziu o nosso país.

António Costa deixa o legado de um país no pântano. Um pouco à imagem dos últimos dois primeiros-ministros do PS, Guterres e Sócrates (pelos vistos, Costa aprendeu bem a lição de como arruinar um país). Ora vejamos, o legado político de António Costa é de ter sido um dos coautores do crescimento da direita-radical em Portugal. Os espalhafatos para que contribuiu ativamente serviram para o alimentar, ridicularizando o centro-direita que, com muito defeitos é certo, sempre se pautou por uma conduta séria e saudável. Mas isso não dá votos nem visualizações, não é?..

António Costa deixa o estado da educação numa lástima. 55.000 mil alunos não têm professores a pelo menos uma disciplina; as carreiras dos docentes não foram revistas; os mesmos ainda têm que ultrapassar o penoso desafio das colocações a centenas de quilómetros de casa; por pura demagogia ideológica acabou com os contratos de associação que serviam para poupar dinheiro ao estado e não o entregar de “mão beijada” a privados como muitos........

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