CPLP e o cinquentenário da independência de Angola
Cinquenta anos após a independência de Angola e quase três décadas depois da criação da CPLP, a comunidade lusófona volta a confrontar-se com a mesma pergunta de fundo: quer limitar-se a ser um espaço de memória e cooperação difusa ou assumir-se como ator político e geoestratégico com agenda própria?
A celebração dos 50 anos da independência de Angola, no passado dia 11 de novembro é, antes de mais, um momento de memória nacional: meio século de luta pela soberania, de reconstrução em contexto de guerra e paz, de afirmação regional e internacional. Mas é também um marco que obriga a olhar para o modo como Angola se posiciona hoje no espaço lusófono e africano e para o papel que assumiu, ao longo dos anos, na construção da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Angola é, há muito, um dos pilares africanos da CPLP e um dos seus principais motores políticos e diplomáticos. A forma como se afirma no continente, nas organizações multilaterais e na própria comunidade de países de língua portuguesa diz muito sobre o que esta pode vir a ser nas próximas décadas: um espaço com densidade política própria ou apenas uma rede de boas intenções.
É precisamente a partir desta efeméride que vale a pena olhar com mais atenção para a CPLP e para o lugar que pode ocupar num mundo em mudança. Criada em 1996, a Comunidade reúne hoje nove Estados, designadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial que, em conjunto, representam mais de 270 milhões de pessoas, distribuídas por quatro continentes. Esta configuração faz da CPLP algo mais do que um simples espaço linguístico: é um ponto de encontro entre a União Europeia e África, entre o Atlântico Norte e o Atlântico Sul, entre o mundo dos BRICS e o espaço euro-atlântico, num contexto em que grandes potências e organizações regionais olham para os países lusófonos como parceiros relevantes. A comunidade pode funcionar como ponte entre estes diferentes polos, desde que se pense a si própria como ator com agenda e não apenas como fórum de celebração.
A criação formal da CPLP foi, aliás, o culminar de um processo que se consolidou desde a década de 1980, com cimeiras regulares de chefes de Estado e de Governo, a criação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa e a institucionalização, em Lisboa, de um espaço de concertação política permanente entre os então sete países de língua oficial portuguesa.
Ao longo de quase três décadas, a CPLP consolidou uma função política e diplomática que vai muito além da retórica. A concertação de posições em organismos........





















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