Os Novos Servos da Gleba Digital
A promessa da globalização digital era sedutora. Um mundo sem geografia, onde as oportunidades floresceriam em cada canto do planeta, acessíveis com um simples clique. Quem não se deixou encantar por essa visão? Contudo, por baixo da fachada de progresso, emergiu um submundo laboral que poucos conhecem e ainda menos compreendem. É aqui que habitam os novos camponeses digitais. Seja nos cantos remotos do mundo, a executar microtarefas para a Amazon Mechanical Turk; seja nas ruas de Portugal, a entregar a nossa refeição de sexta-feira à noite.
Estas duas realidades, aparentemente distintas, são manifestações do mesmo fenómeno: um sistema de trabalho fragmentado, gerido por algoritmos, que prospera na precariedade. De um lado, o proletariado digital global, invisível, que alimenta as entranhas da inteligência artificial. Do outro, os seus homólogos locais, hipervisíveis na paisagem urbana, mas igualmente desprovidos de direitos. Dois lados da mesma moeda de exploração.
A Anatomia de uma Exploração Sistémica
No coração desta economia está a externalização de tarefas cognitivas. Plataformas como a Amazon Mechanical Turk, a Appen ou a Clickworker recrutam milhões de “Turkers” ou “anotadores” para um ciclo de precariedade laboral sem precedentes.
A realidade destes trabalhadores é brutal: ganhando meros cêntimos por tarefa, muitos são forçados a jornadas de 10 a 12 horas diárias apenas para alcançar um........





















Toi Staff
Sabine Sterk
Penny S. Tee
Gideon Levy
Waka Ikeda
Grant Arthur Gochin
Rachel Marsden