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A crise silenciosa nas especialidades que sustentam o SNS 

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O mais recente concurso para Internos de Formação Específica confirmou aquilo que muitos médicos sentem no terreno há demasiado tempo: a Medicina Geral e Familiar (MGF) e a Medicina Interna (MI) deixaram de ser capazes de atrair jovens médicos em número suficiente para manter o SNS funcional. Este concurso, no qual participei e que escolhi Medicina Interna, foi o que registou o maior número de vagas por preencher, com MGF e MI a liderarem a lista de especialidades mais abandonadas. Este não é um fenómeno ocasional mas sim a manifestação mais visível de um problema estrutural que ameaça a sustentabilidade do sistema de saúde em Portugal.

Por que razão estas especialidades são tão essenciais

A MGF e a MI representam os pilares fundamentais do SNS. A primeira assegura a base dos cuidados primários: acompanhamento contínuo, prevenção, gestão de doenças crónicas, promoção de saúde e triagem eficiente. Sem Médicos de Família suficientes, o país perde a capacidade de oferecer cuidados precoces e regulares. E sem essa base sólida, o peso recai inevitavelmente sobre os hospitais que, por sua vez, dependem quase estruturalmente da Medicina Interna.

A Medicina Interna é o “motor” das urgências, o suporte dos internamentos, a base da resposta a doentes complexos e a ponte entre várias especialidades hospitalares. Num sistema onde o envelhecimento populacional e a pluripatologia são já a norma, o internista não é apenas útil: é indispensável. A falta de internistas não significa apenas mais tempo de espera. Significa riscos clínicos, internamentos desnecessários, alta inadequada, falhas de coordenação e perda de continuidade assistencial.

Quando estas duas áreas falham, o SNS inteiro quebra em múltiplos pontos ao mesmo tempo.

O que mostram os números: a tendência tornou-se rutura

Nos últimos concursos, a tendência de vagas por preencher........

© Observador