O Natal e a economia do inútil
Há um momento do ano em que a humanidade se entrega coletivamente a um exercício de incoerência tão bem coreografado que ninguém se atreve a questionar. Chamamos-lhe Natal. A cada dezembro, centros comerciais transformam-se em catedrais do consumo afetivo, embalados por músicas repetitivas e decorações que simulam solidariedade, amor e compaixão, num país onde raramente se encontram tais sentimentos no quotidiano. O fenómeno não é novo, mas a escala global e a intensidade logística atingiram uma sofisticação que faria qualquer antropólogo acreditar que está perante um ritual sincero e efetivo.
Durante semanas, milhões de pessoas percorrem lojas para adquirir objetos que desempenham uma função tão pobre, sob o ponto de vista do seu simbolismo original, quanto útil. São presentes que raramente resolvem problemas reais, não melhoram a vida de quem os recebe e, em muitos casos, alimentam apenas o contrato social da vaidade. Aparentemente, provar afeto exige embrulhos, etiquetas e sacos de papel com brilho. O que se valoriza é o gesto, não a utilidade e a autenticidade. Temos........





















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