Moderado ou tíbio?
Jesus Cristo um dia irritou-se. Jesus não era de se irritar. Não diria irritar como consequência de falta de controlo ou paciência, mas talvez diria “indignar-se”. Destas vezes, a parábola não serviu como figura de estilo e meio para passar a mensagem. Foi mesmo preciso vincar a verdade, como um pai consciencioso (isto está em desuso, com os pais “empáticos”). Acontece algumas vezes nas Escrituras sagradas a Jesus, mas não são muitas. A maioria das vezes não se justifica ou não quer usar meios mais fortes para passar uma mensagem. Podíamos elencar algumas ocasiões que me lembro, de repente, em que Jesus Cristo não tem papas na língua. Quando expulsa os vendilhões do templo, quando repreende os fariseus, quando censura os descrentes (“Ai de ti”), quando adverte os pederastas e, por fim, quando prefere os frios ou quentes aos mornos.
Os mornos são os tíbios. Esta palavra não é muito usada no nosso léxico. Na era da simplificação e dos anglicismos, perderá com certeza o seu uso. Tíbio é o que exerce a tibieza: “1. Qualidade do que é tíbio; 2. [Figurado] Frouxidão, fraqueza; 3. Falta de fervor; 4. Frieza; 5. Falta de zelo” (“tibieza”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025).
Cristo bem advertiu contra os tíbios, ou os “mornos”: “Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá foras frio ou quente. Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, estou para vomitar-te da minha boca.” (Apocalipse 3:15-16).
Atualmente, na era dos extremos, o espírito do tempo associa a moderação à virtude. Ser moderado é estar do lado certo da história; é também ser “normal”, “aceitável” ou “decente”. Devemos é afastar-nos dos extremos, que na verdade já não são só da extrema-direita, sendo que ontologicamente parecia que assim seria.
Penso que estamos equivocados quanto aos termos. Se quero proteger os direitos da mulher, mas também da vida intrauterina, sou um radical; se digo que biologicamente há homens e mulheres, sou um radical; se defendo que a imigração é importante, mas deve ter regras, sou um radical; se digo que os crimes graves devem ser sancionados e executados de forma mais exemplar, sou um radical. E pergunto: serei? Isto é, não só pensar, mas, se o proferir,........





















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