A Prefeitura de Belo Horizonte tem divulgado no seu portal que estão confirmados 510 blocos de rua, que existe uma gestão integrada com cerca de 30 órgãos públicos trabalhando em conjunto para a festa e que a folia acontecerá entre os dias 27 de janeiro e 18 de fevereiro. Ou seja, são 23 dias de muito Carnaval pelas ruas da capital, ainda que sob riscos de dengue e inundações.

A expectativa para este ano é que 5,5 milhões de foliões encham as ruas da cidade de cores e alegria. Mas a cidade não pode estar suja, escura, triste, abandonada e desumana, embora isso esteja acontecendo, lamentavelmente. Só não enxerga quem não quer. Eu amo esta cidade e tenho o direito de me indignar e de protestar contra os erros cometidos contra ela e contra seus habitantes.

Tudo bem que todos precisam de momentos de festa e descontração, mas varrer para debaixo do tapete as mazelas e ainda ter de ficar à mercê das inundações e da dengue é inaceitável. Ora, os promotores do evento estão preocupados em realizar o maior Carnaval do país, como se isso fosse um prêmio para os belo-horizontinos, mas se esquecem de que nada disso interessa se a população restar sujeita a situações degradantes como as representadas por alagamentos e bloqueio de vias, transbordamento de córregos, múltiplos danos materiais e, principalmente, riscos à vida das pessoas com a proliferação da dengue.

As chuvas têm causado inundações gigantescas, e as enxurradas têm levado toneladas de lixo ruas afora, o que denota falta de limpeza pública eficiente e falta de educação por parte da população. Mas vale destacar que a obrigação de manter a cidade limpa é da prefeitura, embora esse serviço deixe muito a desejar. A cidade está suja.

Se a prefeitura quer comemorar o feito de promover um Carnaval digno de elogios, com milhões de foliões felizes sambando pelas ruas, que cumpra com suas obrigações – limpe a cidade, faça a assepsia e a varrição de ruas e praças diariamente, afaste o perigo da dengue, aumente o policiamento dia e noite, coloque o pessoal da BHTrans e da Guarda Municipal nas ruas, disponibilize banheiros químicos em todos os locais da festa e deixe corredores livres para o trânsito rápido das ambulâncias e das equipes de socorro de incêndio e salvamento. As emergências não podem ficar reféns de ruas fechadas.

Fala-se muito de Carnaval, enquanto as chuvas inundam a cidade, transformam as ruas em verdadeiros rios, causam quedas de árvores, provocam desmoronamentos, arrastam carros e deixam centenas de pessoas ilhadas e desesperadas. E os casos de dengue disparam e mostram um quadro extremamente preocupante.

Assim, a prefeitura e seus respectivos órgãos públicos municipais estão convocados, data venia, para arregaçar as mangas e mostrar que são capazes de controlar as inundações, acabar com a dengue e realizar um Carnaval com abnegação, urbanidade e segurança. E nada de narrativas simplórias de que “é o novo normal”. Não é!

Portanto, ao trabalho!

Wilson Campos
Advogado, especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental

QOSHE - Dengue, inundações e 23 dias de Carnaval na cidade - Wilson Campos
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Dengue, inundações e 23 dias de Carnaval na cidade

16 0
01.02.2024

A Prefeitura de Belo Horizonte tem divulgado no seu portal que estão confirmados 510 blocos de rua, que existe uma gestão integrada com cerca de 30 órgãos públicos trabalhando em conjunto para a festa e que a folia acontecerá entre os dias 27 de janeiro e 18 de fevereiro. Ou seja, são 23 dias de muito Carnaval pelas ruas da capital, ainda que sob riscos de dengue e inundações.

A expectativa para este ano é que 5,5 milhões de foliões encham as ruas da cidade de cores e alegria. Mas a cidade não pode estar suja, escura, triste, abandonada e desumana, embora isso esteja acontecendo, lamentavelmente. Só não enxerga quem não quer. Eu amo esta cidade e tenho o direito de me indignar e de protestar contra os erros cometidos contra ela e contra seus habitantes.

Tudo bem que........

© O Tempo


Get it on Google Play