Parte de uma lição ministrada pelo iluminado Sri Aurobindo, citada nas páginas 663-664 do livro “A Síntese do Yoga” , se dirige aos homens de poder, aqueles cujas ações determinam e condicionam a vida de muitos outros seres, até de nações inteiras. Com algumas mínimas variações para deixar mais fluido o texto, soa assim.

O aperfeiçoamento da mente comum, do coração, da nossa energia vital (prana) e do corpo nos traz a perfeição da máquina psicofísica que temos que usar e cria certas condições justas nos instrumentos para uma vida, ação e participação realizadas com um poder e um conhecimento mais puros, mais vastos, mais límpidos, mais transformadores.

O indivíduo de poder deve iluminar, refinar e governar sua força e sua potência pelo conhecimento, pela luz da razão, da religião, da filosofia ou pelo espírito, caso contrário se tornará um mero ser brutal.

Ele deve ter a competência que o ajudará a utilizar, administrar e regular da melhor forma sua força, a fim de torná-la criativa e frutuosa, adaptada às suas relações com outros, caso contrário se tornará um tosco condutor de energias descontroladas pelos campos da vida, sem fluir corretamente, apenas se chocando com o que encontra pelo caminho, como um furacão que passa e devasta mais do que constrói. Ele também deve ser capaz de mostrar humildade e obediência, a fim de pôr seu poder ao serviço da humanidade e do mundo, caso contrário se tornará um dominador egoísta, frio, desumano, um cruel tirano, um brutal opressor das almas e dos corpos.

O indivíduo com a mente voltada para o trabalho produtivo deve ter uma mente aberta, investigadora, deve ter ideias e conhecimento, caso contrário se moverá na rotina de suas funções, sem crescer e expandir-se; ele deve ter a coragem e o espírito empreendedor, acrescentar um sentido de serviço às suas aquisições e produções, a fim de não apenas acumular e fruir sua vida, mas de ajudar de maneira consciente a frutificação e a plenitude da vida que o circunda e de que ele aproveita. Precisa sempre pensar em ser útil e não deixar no rastro sofrimentos, humilhações, dores e injustiças.

O indivíduo de labor e serviços se tornará um inútil e danoso se não introduzir o conhecimento, a honra, a aspiração e a competência em seu trabalho, pois só assim – por um pensamento ou uma vontade aberta, por um esforço de contribuição inteligente – poderá elevar-se e evoluir interiormente.

Mas a aproximação da perfeição do homem vem quando ele se amplia para incluir todos os poderes, como inteligência, criatividade, intuição, compaixão e outras (mesmo que um deles possa ser superior e liderar os outros) e abrir-se continuamente à plenitude universal de seu espírito condutor.

O indivíduo, qualquer um, não é talhado segundo o tipo exclusivo de uma aptidão, mas todos os poderes estão nele e agem nele, primeiro numa confusão informe e caótica, mas de nascimento em nascimento ele dá forma e controle a um e outro, e até mesmo progride de um para o outro, de grau em grau, mesmo numa só vida, e se encaminha para o desenvolvimento de sua existência interior. Como classificam na Índia, prepara e expande seu darma, sua bagagem na eterna caminhada.

Nossa própria vida é, ao mesmo tempo, uma investigação minuciosa da verdade e do conhecimento, um conflito e uma batalha de nossa vontade com nós mesmos e com as forças circundantes, uma produção e adaptação constantes, uma aplicação de cada habilidade à vida material, e, se não aprender o sentido de um sacrifício e de serviço com os outros seres e o mundo, apenas por si só, o melhor de tudo será deixado pelo caminho.

Sursum corda (Corações ao alto).

QOSHE - Homem de poder - Vittorio Medioli
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Homem de poder

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07.03.2024

Parte de uma lição ministrada pelo iluminado Sri Aurobindo, citada nas páginas 663-664 do livro “A Síntese do Yoga” , se dirige aos homens de poder, aqueles cujas ações determinam e condicionam a vida de muitos outros seres, até de nações inteiras. Com algumas mínimas variações para deixar mais fluido o texto, soa assim.

O aperfeiçoamento da mente comum, do coração, da nossa energia vital (prana) e do corpo nos traz a perfeição da máquina psicofísica que temos que usar e cria certas condições justas nos instrumentos para uma vida, ação e participação realizadas com um poder e um conhecimento mais puros, mais vastos, mais límpidos, mais transformadores.

O indivíduo de poder deve iluminar, refinar e governar sua força e sua potência pelo conhecimento, pela luz da razão, da religião, da filosofia ou pelo espírito, caso contrário se tornará um mero ser brutal.

Ele deve ter a........

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