Cada um de nós tem as suas aflições, sejam no trabalho, na família ou, enfim, na vida. O que mais se ouve, em forma de desabafo, é a crença de que o mundo está virado de cabeça para baixo. A falta de saúde, a insegurança, a violência crescente, a fome, o desemprego, a guerra etc.

são as alegações mais comuns. Enfrentá-las com coragem talvez seja o principal remédio. Poucos sofrem pouco, mas muitos sofrem muito. Os consultórios de psiquiatria e/ou psicologia estão cheios de clientes à procura das causas de tanto sofrimento. O fato, porém, é que não há vida plenamente feliz durante todo o tempo. Cada um de nós sabe onde dói o seu calo, mas, no meu caso, o que mais me dói, sem nenhum exagero, é o risco de extinção que corre a raça humana diante, sobretudo, das ameaças de guerra que aumentam a cada dia. Metem-me medo as armas que, num instante, poderão decretar o fim do mundo.

Nesse último final de semana, vivi momentos de muita angústia, pois essas ameaças de guerra podem se espalhar por todo o Oriente Médio, causando o pior dos pânicos. O Irã revidará ou não a Israel após o bombardeio de sua embaixada na Síria? E a ameaça que o Irã fez a Tel Aviv ao alertá-lo para não retaliar a sua dura agressão?

Acordei no último domingo aliviado com a declaração do Irã afirmando que agiu em autodefesa após o bombardeio desfechado por Israel contra sua embaixada na Síria e que, por isso, não promoveria mais ataques. Uma vã esperança tomou conta de mim – a de que Israel entenderia esse “argumento”, dando-nos, assim, um pouco de alívio.

Esse alívio, todavia, durou pouquíssimo tempo. E a situação hoje voltou a ser preocupante. Israel responderá ou não ao ataque do Irã? Se sim, o que acontecerá depois? Netanyahu sofre pressão de vários países para não escalar o conflito, mas as alas radicais do seu governo exigem que seja dada resposta dura e imediata à agressão sofrida. Eis a triste conclusão: tudo pode acontecer nas próximas horas.

Depois destas linhas, lembrei-me das cruéis aflições por que passamos em nosso país. E, sinceramente, às vezes, me vem à mente algo como quase certeza de que a principal tarefa do terceiro governo do presidente Lula – a de pacificar o país – não será alcançada.

É pelo menos estranho, por exemplo, o caminho que aos poucos vai tomando a política externa brasileira. Ultimamente, ao que parece, o Brasil vai deixando o bloco ocidental e se aproximando de ditaduras espalhadas pelo mundo. É passível de crítica a nota expedida pelo Itamaraty, na noite do ataque do Irã contra Israel, alvo de mais de 300 drones e mísseis com 60 toneladas de explosivos, dos quais 99% dos projéteis foram detidos por sofisticado sistema de defesa, com a ajuda de outros países e, quem sabe, de Deus. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tentou explicá-la ao dizer que a nota foi redigida quando não se sabia da “extensão e do volume das medidas tomadas”.

Que Deus tome conta da humanidade.

Acílio Lara Resende é jornalista

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Cada um de nós tem as suas aflições

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18.04.2024

Cada um de nós tem as suas aflições, sejam no trabalho, na família ou, enfim, na vida. O que mais se ouve, em forma de desabafo, é a crença de que o mundo está virado de cabeça para baixo. A falta de saúde, a insegurança, a violência crescente, a fome, o desemprego, a guerra etc.

são as alegações mais comuns. Enfrentá-las com coragem talvez seja o principal remédio. Poucos sofrem pouco, mas muitos sofrem muito. Os consultórios de psiquiatria e/ou psicologia estão cheios de clientes à procura das causas de tanto sofrimento. O fato, porém, é que não há vida plenamente feliz durante todo o tempo. Cada um de nós sabe onde dói o seu calo, mas, no meu caso, o que mais me dói, sem nenhum exagero, é o risco de extinção que corre a raça humana........

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