Portugal não quis ficar como estava. Houve um sentimento maioritário comum de mudança face ao rumo que o país levava.

Um impressionante número de portugueses exerceram o seu direito de voto, contribuindo para a mais alta taxa de participação desde 1995. No meu entender houve duas claras respostas na noite de domingo: uma maioria de intenção de voto na AD/Aliança Democrática (contando com eventuais equívocos) e um protesto contra tudo o que foram os abusos de poder nos últimos anos.

O Parlamento está agora mais fragmentado que nunca, acompanhando uma tendência europeia que é, já há algum tempo, uma realidade em vários países e composto por uma maior polarização.

Uma clara vontade de virar a página aos atropelos da maioria absoluta do Partido Socialista e um novo capítulo longe dos seus quadros, que têm tido atividade ininterrupta nos últimos 30 anos como o caso do primeiro-ministro cessante, António Costa.

Portugal quis que não continuassem os mesmos, que existisse alternância no governo como controlo de salubridade de quem exerce essas funções, que terminassem os abusos nos cargos políticos, que a justiça, a saúde e a educação passassem finalmente a ter uma oportunidade de funcionar.

Pedro Nuno Santos cortou as amarras com o paternalismo de António Costa e finalmente libertou-se ao assumir a derrota do Partido Socialista, demonstrando um assinalável respeito democrático e entendendo qual deverá ser o papel do seu partido nos próximos tempos. Considerando e aceitando aquilo que foi, sem dúvida, uma derrota e o que foi uma verdadeira viragem à direita, que não se conhecia no povo português, sempre tendencialmente mais de esquerda do que de direita.

A Aliança Democrática tem agora, pela frente, a necessidade de formar um governo ágil, com pastas muito repartidas para que torne a sua administração dinâmica, próxima e pronta a executar o seu programa eleitoral. Um governo político e técnico preparado a apanhar o trabalho pelo caminho com o dever de o orientar para que se cumpra o PRR, se dê de imediato início ao programa de emergência na saúde, se impulsione a economia, se reduza a carga fiscal, se resolvam as injustiças nas forças de segurança e se negoceie a reposição do tempo de serviço congelado na educação.

É caso para dizer, deem uma oportunidade para que Luís Montenegro e a Aliança Democrática surpreendam o país, deixando que esta coligação mostre aquilo para que foi feita. Governar bem, com coerência e para todos os portugueses.

QOSHE - Portugal vira à direita - Raquel Paradela Faustino
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Portugal vira à direita

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15.03.2024

Portugal não quis ficar como estava. Houve um sentimento maioritário comum de mudança face ao rumo que o país levava.

Um impressionante número de portugueses exerceram o seu direito de voto, contribuindo para a mais alta taxa de participação desde 1995. No meu entender houve duas claras respostas na noite de domingo: uma maioria de intenção de voto na AD/Aliança Democrática (contando com eventuais equívocos) e um protesto contra tudo o que foram os abusos de poder nos últimos anos.

O Parlamento está agora mais fragmentado que nunca, acompanhando uma tendência europeia que é, já há algum tempo, uma realidade........

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