E eis que Senhor Mil Vozes volta a atacar como nos filmes de Terence Hill e do seu inseparável Bud Spencer (que, já agora, e por curiosidade, não estivéssemos aqui a falar de camaleões, se chamava na verdade Carlo Pedersoli, foi nadador olímpico, e inventou a alcunha por ser um bebedor inveterado da cerveja Bud) e vai andar ocupado como nunca nos próximos tempos. «Mano! O mais fácil de tudo é saltar para cima do palco e cantar!», diz-me ele quando pergunto se está tão atrapalhado com trabalho (irra para a aliteração trapalha/trabalho, razão têm os que dizem que o trabalho atrapalha) que não tenha tempo para se sentar a jantar com os amigos. Para já prepara-se para um espetáculo à americana, The Christmas Dining Show, no qual, acompanhado por Carla Amieiro, pela bailarina Sara Djulic e pela soprano polaca Patrycja Gabriel vai andar por aí, numa parceria com a empresa hoteleira da Vila Galé, a cantar até que a voz lhe doa começando no dia 1 de dezembro, em Évora, e continuando no dia 2, em Alagoa, em Sintra, no dia 15, para fechar na Ericeira a 16. Até para o Senhor Mil Vozes, com cordas vocais de espantar o universo e que até mereceram um estudo científico em tempos que lá vão, é obra. Sobretudo porque o treino é exigente. Sim, sim, vocês já sabem, já o ouviram, ou melhor, já leram o que eu o ouvi dizer, o mais fácil é saltar para o palco e cantar, o Fernando sempre foi assim, profissional daqueles a sério, de mão cheia, robustíssimo talento, diria o Alencar do Eça, a gente não tem dúvidas que vai fazer tudo com uma perna às costas. Eu chamo-lhe sempre Senhor Mil Vozes mas nesta altura está mais para o Gilbert Bécaud, o Senhor Mil Volts. Os dias passam sobre outros dias como cometas. Ora, mas que importa isso se deixarem atrás de si o brilho estonteante de uma cauda de luz estroboscópica. Mas, ora, tubérculos. Deitem o rabinho do olho ao que se publica oficialmente sobre a sua carreira: “40 anos de excelência, ao serviço da cultura e do puro entretenimento… 3 milhões e meio de visualizações no Youtube… 400 horas de televisão… 4000 actuações ao vivo, em Portugal e nos 5 continentes, por mais de 20 países: Alemanha, Angola, África do Sul, Austrália, Bélgica, Bermudas, Brasil, Canadá, Caraíbas, Dubai, Egipto, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Namíbia, Noruega, Rússia e Suíça”. 4000 atuações ao vivo????!!! Ò Fernando, daqui a bocado já ninguém te pode ver… Isto sou eu a brincar. Mas falta-te ir à Índia. Ou melhor: falta-te ir a Goa. Fosse eu empresário já tinha tratado disso. Iria ser um sucesso como não és capaz sequer de adivinhar.

Há quarenta anos…

O Fernando é moço praticamente para a minha idade, um quadradinho mais velho, começou a aparecer no início dos anos 80 com aquela voz que parece uma matriosca, uma daquelas bonecas russas que se vendem a copeques na Rua Arbat, de dentro de cada boneca sai outra, de cada voz do homem sai outra voz, multiplicam-se, é até capaz de cantar com a voz do Pai Natal (embora, até hoje, só tenha ouvido o gordo forreta da farda da Coca-Cola a roncar um desagradável “Oh!Oh!Oh”), e foi por 1983, há quarenta anos portanto, que se tornou popular com a ajuda da rádio e de gente finíssima como o senhor Artur Agostinho e do meu tão querido António Macedo («ai que saudades, ai, ai», diria o mestre Carlos Pinhão) e depois foi por aí fora, mérito dele, fura-vidas como é, sempre com projetos, sempre com ideias, sempre com vontade de andar de um lado para o outro, tantas vezes até só por altruísmo, já falei aqui de algumas dessas ações solidárias, não é o caso neste momento, mas não tardará a ser noutro.

O Fernando não gosta de rótulos. Se for preciso pôr-lhe uma etiqueta que seja a de “enterteiner”. E com este rótulo lá vai dando que fazer às rótulas trepando de palco em palco agora com uma ligação publicitária especial que servirá para alegrar o Natal das gentes das terras por onde passará a partir de dia 1 de dezembro. Está quase. Força aí Fernando! Já sei que não és de desiludir ninguém, bem pelo contrário, mas estejas onde estiveres a tua presença é notícia no mundo do espetáculo. Fica aqui assinalada e assinada. 1 e 2, 15 e 16 do mês que vem. A toda a brida!

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“O que dá menos trabalho é saltar para cima do palco e cantar”

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30.11.2023

E eis que Senhor Mil Vozes volta a atacar como nos filmes de Terence Hill e do seu inseparável Bud Spencer (que, já agora, e por curiosidade, não estivéssemos aqui a falar de camaleões, se chamava na verdade Carlo Pedersoli, foi nadador olímpico, e inventou a alcunha por ser um bebedor inveterado da cerveja Bud) e vai andar ocupado como nunca nos próximos tempos. «Mano! O mais fácil de tudo é saltar para cima do palco e cantar!», diz-me ele quando pergunto se está tão atrapalhado com trabalho (irra para a aliteração trapalha/trabalho, razão têm os que dizem que o trabalho atrapalha) que não tenha tempo para se sentar a jantar com os amigos. Para já prepara-se para um espetáculo à americana, The Christmas Dining Show, no qual, acompanhado por Carla Amieiro, pela bailarina Sara Djulic e pela soprano polaca Patrycja Gabriel vai andar por aí, numa parceria com a empresa hoteleira da Vila Galé, a cantar até que a voz lhe doa começando no dia 1 de dezembro, em Évora, e continuando no dia 2, em Alagoa, em Sintra, no dia 15, para fechar na Ericeira a 16. Até........

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