Pedro Nuno e a democracia de partido único
Perante o Congresso e o país, Pedro Nuno teve a desfaçatez de recuar até 2004, à saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia, que “deixou Portugal num caos”, mas não disse uma palavra sobre a bancarrota de Sócrates, antes saltando diretamente para os pecados da troika.
Tendo apanhado a meio o discurso de sábado de Pedro Nuno Santos ao Congresso do PS, houve momentos em que me pareceu estar a ouvir Jerónimo de Sousa, o ex-secretário-geral do PCP. Não se tratou apenas do tom com que se dirigia aos “camaradas” e do punho erguido. Foi também na diabolização da “direita”, numa certa dicotomia primária e no ataque que fez ao “mercado”, quando falou da questão da habitação, que houve uma sensação de déjà-vu.
De resto, essa intervenção revelou algumas das principais características nossas conhecidas do novo líder do PS. Pareceu um pouco inusitado passar tanto tempo a atacar outros projetos políticos, em vez de falar das suas próprias propostas (o que, reconheça-se, viria a fazer no domingo). Mas a natureza de uma pessoa não se muda do dia para a noite e Pedro Nuno é por natureza agressivo.
Também não foi uma surpresa a falta de honestidade, algo que já conhecíamos desde a rábula da indemnização a Alexandra Reis. Perante o Congresso e o país, Pedro Nuno teve a desfaçatez de recuar até 2004, à saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia, que “deixou Portugal num caos”, mas não disse uma palavra sobre a bancarrota de Sócrates, antes saltando diretamente para os pecados da troika. Não sendo uma novidade nem uma surpresa, nem por isso deixa de ser uma hipocrisia de todo o tamanho.
O_mesmo se poderia dizer da esponja que passou sobre a TAP e a CP, como se os 3,2 mil milhões de euros injetados na TAP fossem coisa pouca e os lucros da CP não dependessem de transferências feitas pelo Estado.
Pedro Nuno admitiu que nem tudo vai bem no país. Sabemos o que se passa nas escolas, nos hospitais, na justiça. Mas, segundo ele, não há alternativa ao PS e só ele pode enfrentar os desafios que não resolveu em oito anos de poder.
O_que nos leva a pensar que, na visão de Pedro Nuno, Portugal é uma espécie de democracia especial, uma democracia de partido único.
E isso tem uma explicação. É que, por muito que no discurso e na postura o novo líder socialista tente realçar o seu lado popular e populista, nem Pedro Nuno vem do meio operário nem o PS é um partido do proletariado. Pelo contrário, é um partido de gente muitíssimo bem instalada, que precisa de continuar no poder para proporcionar aos seus dirigentes e protegidos as oportunidades, os cargos, as mordomias e as benesses que são uma miragem para a esmagadora maioria dos portugueses. Não sei se será a tal esquerda caviar, mas é pelo menos uma esquerda que come o bife do lombo e deixa os ossos para os outros.
Tendo apanhado a meio o discurso de sábado de Pedro Nuno Santos ao Congresso do PS, houve momentos em que me pareceu estar a ouvir Jerónimo de Sousa, o ex-secretário-geral do PCP. Não se tratou apenas do tom com que se dirigia aos “camaradas” e do punho erguido. Foi também na diabolização da “direita”, numa certa dicotomia primária e no ataque que fez ao “mercado”, quando falou da questão da habitação, que houve uma sensação de déjà-vu.
De resto, essa intervenção revelou algumas das principais características nossas conhecidas do novo líder do PS. Pareceu um pouco inusitado passar tanto tempo a atacar outros projetos políticos, em vez de falar das suas próprias propostas (o que, reconheça-se, viria a fazer no domingo). Mas a natureza de uma pessoa não se muda do dia para a noite e Pedro Nuno é por natureza agressivo.
Também não foi uma surpresa a falta de honestidade, algo que já conhecíamos desde a rábula da indemnização a Alexandra Reis. Perante o Congresso e o país, Pedro Nuno teve a desfaçatez de recuar até 2004, à saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia, que “deixou Portugal num caos”, mas não disse uma palavra sobre a bancarrota de Sócrates, antes saltando diretamente para os pecados da troika. Não sendo uma novidade nem uma surpresa, nem por isso deixa de ser uma hipocrisia de todo o tamanho.
O_mesmo se poderia dizer da esponja que passou sobre a TAP e a CP, como se os 3,2 mil milhões de euros injetados na TAP fossem coisa pouca e os lucros da CP não dependessem de transferências feitas pelo Estado.
Pedro Nuno admitiu que nem tudo vai bem no país. Sabemos o que se passa nas escolas, nos hospitais, na justiça. Mas, segundo ele, não há alternativa ao PS e só ele pode enfrentar os desafios que não resolveu em oito anos de poder.
O_que nos leva a pensar que, na visão de Pedro Nuno, Portugal é uma espécie de democracia especial, uma democracia de partido único.
E isso tem uma explicação. É que, por muito que no discurso e na postura o novo líder socialista tente realçar o seu lado popular e populista, nem Pedro Nuno vem do meio operário nem o PS é um partido do proletariado. Pelo contrário, é um partido de gente muitíssimo bem instalada, que precisa de continuar no poder para proporcionar aos seus dirigentes e protegidos as oportunidades, os cargos, as mordomias e as benesses que são uma miragem para a esmagadora maioria dos portugueses. Não sei se será a tal esquerda caviar, mas é pelo menos uma esquerda que come o bife do lombo e deixa os ossos para os outros.
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