A campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março deveria ser encarada como uma boa oportunidade para discutir de forma franca e aberta temas cruciais para Portugal, tanto a nível económico como social, no presente e futuro. Atrevo-me a sugerir alguns, sobre os quais seria útil esclarecer as perspetivas de cada partido e dos candidatos a primeiro-ministro.

A campanha provavelmente centrar-se-á na educação e na saúde, temas importantes que, contudo, podem resvalar para acusações mútuas, falácias e promessas inconsequentes. Seria interessante discutir a visão estratégica para o país, pois é aí que surgirão as respostas aos desafios mais complexos.

Competitividade: Convive-se mal com a ideia de que os países, empresas e pessoas competem. Insiste-se no sofisma do contraponto com a cooperação, esquecendo-se a necessidade de encontrar e desenvolver vantagens competitivas. A cooperação – essencial ao desenvolvimento económico e social – assenta da interligação de competências valiosas e diferenciadas. Qual é o projeto de Portugal neste domínio? E em relação à competitividade fiscal? E pretendemos mais dirigismo ou incentivo à livre iniciativa?

Imigração: A estratégia para a imigração deve ser clarificada. Portas abertas ou abertura seletiva? Com ou sem limites? Como promover a integração económica, educativa e cultural? Desejamos articular a imigração com o desenvolvimento do território? Quais garantias de proteção o país pretende assegurar? E como evitar a perda das características que inicialmente atraíram os imigrantes, incentivando a sua permanência em Portugal?

Água e outros recursos: Como garantir, a longo prazo, a disponibilidade e acesso equitativo à água? Que modelos de gestão dos recursos naturais devem ser implementados?

Concorrência: Globalmente, a concentração de poder de mercado tem gerado monopólios e oligopólios naturais. Como mitigar esta tendência, que contribuiu para recentes aumentos de margens e inflação?

Segurança: Como gerir o equilíbrio entre segurança, privacidade e outros direitos fundamentais? Que recursos alocar para proteger os cidadãos e evitar a crescente sensação de impunidade que facilita a prática de crimes contra as pessoas e património?

Atração de talento para a política e cargos públicos: Como atrair mais profissionais talentosos para a gestão do interesse público e vida partidária, dado o atual desinteresse que contribui para uma diminuição do nível técnico e decisório?