Já várias vezes o disse aqui que o Fundão é uma horta formidável de talentos. O último a vir a lume é Bruno Ramos, um cativante e muito sensível quinquagenário que acaba de publicar um livro singular. E diga-se, desde já, que é uma autêntica revelação. Quem é ele?  Nascido em Almada num ambiente sindical, a periferia marcou-o muito. A infância e a adolescência deste sonhador não foram felizes. Enquanto os seus avós foram vivos, ele viveu num clima de felicidade perpétua. Porém, quando morreram num trágico acidente de viação, viu-se confrontado com a perda de um paraíso perdido, já que depois disto a sua família ruiu. Desse tempo mágico, ele conta-me como o avô, guarda-fiscal, em Setúbal, o levava depois do trabalho a ver o pôr-do-sol. O avô conduzia a sua moto até a um promontório e ficavam horas aí a contemplar o porto, os barcos e o Sado. Quando regressavam, a avó tinha preparado para ele um lanche com leite e pão barrado com manteiga e açúcar. Bruno Ramos não esqueceu nunca essa vivência paradisíaca no Bairro de S. Nicolau, o bairro dos pescadores. De repente, este........

© Jornal do Fundão