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A criatividade dos territórios, o espírito e a arte dos lugares

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04.03.2024

Este é o terceiro e último artigo desta série sobre a criatividade dos territórios. É deveras impressionante o número de feiras, festas e festivais que se têm realizado em Portugal nos anos mais recentes. Este facto não só revela a grande criatividade dos territórios como, de certo modo, a conversão do espírito dos lugares em espaços de visitação e turismo. O enoturismo é, porventura, o melhor exemplo desta cadeia de valor da economia criativa. Nela vamos encontrar a produção vitivinícola, a conservação pelos socalcos, o recreio e o lazer da visitação local e regional, a cultura da vinha e do vinho, a tecnologia digital, a produção de conteúdos e a comunicação simbólica, enfim, os terroirs vinhateiros da nossa imaginação tornados realidade material nas encostas do Douro, por exemplo.

A sociedade da informação e conhecimento provoca uma espécie de dilatação dos territórios e essa dilatação é a fonte para outras formas de riqueza. Por causa de um défice estrutural de informação e conhecimento em sentido largo de que padecem as nossas comunidades e os seus incumbentes principais nós ainda não fomos capazes de transferir para os nossos territórios a cadeia de valor que está implicitamente contida nos elementos criativos, património e paisagem, ciência e tecnologia, artes e cultura.

A propósito de arte e cultura, vale a pena lembrar os objetivos do Plano Nacional das Artes, o Plano Nacional de Leitura, o Plano Nacional de Cinema, o Programa de Educação Estética e Artística, o Programa de Bibliotecas Escolares, a Rede Portuguesa de Museus e a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea. Todos estes instrumentos de programação e planeamento podem estar ligados ao território e à sua dilatação, seja por via da itinerância das coleções de arte, das visitas guiadas, dos percursos de natureza e das paisagens literárias, das residências artísticas e das artes de rua, da arte sacra e dos lugares de culto e peregrinação, dos museus e dos vestígios arqueológicos, dos centros de ciência viva e dos endemismos locais, dos inúmeros centros interpretativos, entre muitos outros sinais distintivos territoriais. Neste sentido, os exemplos são muito reveladores. O que têm em comum iniciativas tão diversas como os roteiros do património da SPIRA, a Bienal Ibérica de Património Cultural, a programação cultural da ARTEMREDE, a Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, o Festival Terras Sem Sombra no Alentejo, os inúmeros centros de arte........

© Jornal de Notícias


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