Por estes dias temos ouvido que os madeirenses devem estar gratos ao Governo da República por este financiar parte da obra do novo hospital da Madeira. A habitual narrativa socialista de mão estendida para Lisboa, olhos postos no chão, subservientes implorando aquilo que têm direito. A narrativa de quem não honra a história da Autonomia e ignora o ser madeirense de há séculos. Bastava uma leitura do texto de Manuel Pestana dos Reis, escrito há mais de 100 anos, “Autonomia da Madeira” para saber que “dar autonomia à Madeira é constituí-la em unidade política e administrativa” e que “todos os madeirenses a hão-de querer, quando tiverem uma consciência esclarecida e forte dos seus desejos”. Ora para os socialistas locais, candidatos à Assembleia da República, com a cabeça no Governo Regional, como ouvimos também por estes dias, ideias sobre autonomia regional com mais de 100 anos ainda não lhes são caras nem têm consciência esclarecida.

Para além do favor de nos apoiarem com parte do financiamento do novo hospital, estes mesmos socialistas andam a prometer e a reivindicar tudo o que não fizeram nos últimos 8 anos que levam de (des)governação do país. Prometem que com eles pagaremos só os €86 pelas viagens aéreas. Não dizem que há quase 5 anos a Lei que o permite está aprovada, mas que nunca a regulamentaram para que tal fosse uma realidade. Apregoam que a Madeira deve ter uma voz ativa na gestão do seu mar territorial. A mesma gestão partilhada que em outubro de 2023 retiraram às regiões autónomas com a polémica alteração à Lei do Mar. Prometem a redução do Imposto Especial sobre o Consumo para que por exemplo a Sidra Regional possa ser mais competitiva em termos de preço. Não dizem que este imposto é responsabilidade do Governo da República, que o tem vindo a agravar, e que votaram contra a proposta apresentada em sede de Orçamento de Estado que visava a eliminação desta taxa para a Região. Prometem que a Madeira terá um ferry a fazer a ligação com Lisboa todo o ano, desde que sejam eles a presidir ao Governo Regional e que o Primeiro-ministro seja socialista. Prometem que eleitos os porto-santenses terão estabilidade nas ligações aéreas, os mesmos que em funções atuais prorrogaram a concessão da linha com a Madeira por 5 vezes, sempre no limite do fim dos prazos, e que não garantem ligações diretas do Porto Santo com o território continental. Prometem a mobilidade marítima de passageiros, quando a Lei que o enquadra está aprovada desde 2019 e aguarda regulamentação.

Outros exemplos poderia aqui deixar. Exemplos da incongruência socialista de quem é Governo há 8 anos e nada fez para melhorar a qualidade de vida dos madeirenses. Os madeirenses sabem ser gratos. O que os madeirenses não são é agachados! Os madeirenses de hoje têm “uma consciência esclarecida e forte dos seus desejos”. Os madeirenses sabem escolher aqueles que os representarão na Assembleia da República. A escolha é entre os que põem a Madeira em Primeiro e os que aqui apregoam defender os madeirenses e na República esquecem-se que são madeirenses. Sim os socialistas locais quando passam a Ponta de São Lourenço esquecem-se que são madeirenses!

QOSHE - Gratos ou agachados? - Nuno Maciel
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Gratos ou agachados?

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02.03.2024

Por estes dias temos ouvido que os madeirenses devem estar gratos ao Governo da República por este financiar parte da obra do novo hospital da Madeira. A habitual narrativa socialista de mão estendida para Lisboa, olhos postos no chão, subservientes implorando aquilo que têm direito. A narrativa de quem não honra a história da Autonomia e ignora o ser madeirense de há séculos. Bastava uma leitura do texto de Manuel Pestana dos Reis, escrito há mais de 100 anos, “Autonomia da Madeira” para saber que “dar autonomia à Madeira é constituí-la em unidade política e administrativa” e que “todos os madeirenses a hão-de querer, quando tiverem uma consciência esclarecida e forte dos seus desejos”. Ora para os socialistas locais, candidatos à Assembleia da República, com a cabeça no........

© JM Madeira


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