Por essa Europa fora, assiste-se à revolta dos agricultores contra governos que, a mando de Bruxelas, tomam medidas que os prejudicam e prejudicam toda a população. Estas medidas têm, quase sempre, como origem ou desculpa, a narrativa climática – neste caso trata-se alegadamente de evitar as emissões de gases de efeito estufa na agricultura e pecuária.

Muitos agricultores já foram despojados das suas terras, ficando impedidos de trabalhar; outros são confrontados com aumentos dos preços dos adubos e dos combustíveis. Na Holanda, Bélgica, França, Itália, Espanha, Polónia, Alemanha, etc. os agricultores têm protestado nas ruas contra medidas governamentais lesivas dos seus interesses. Os nossos meios de comunicação dominantes (OCD) não dão a mínima atenção a estes acontecimentos.

O mais recente e estrondoso protesto está a acontecer na Alemanha. Este protesto teve origem na pretensão do governo de coligação alemão de utilizar verbas do fundo destinado a mitigar os efeitos da pandemia, cerca de 60 mil milhões de euros, para medidas de combate às alterações climáticas. Mas o Supremo Tribunal Alemão, o Bundesgerichtshof (BGH), chumbou essa pretensão do governo; este resolve então ir buscar dinheiro ao gasóleo agrícola, acabando com o regime de isenção a que estava sujeito. Os meios de comunicação, mesmo os estrangeiros, falam em cortes de subsídios mas trata-se efectivamente de passar a taxar o gasóleo agrícola.

Esta medida do governo alemão provocou o descontentamento geral dos agricultores e suas organizações sindicais e associações que mobilizaram uma enorme onda de protesto por todo o território com bloqueios em estradas e auto-estradas e invasão das ruas das cidades. Outras pessoas solidarizaram-se com os agricultores e juntaram-se aos protestos.

Segundo alguns jornalistas freelancers como Sérgio Tavares, “esta revolta está a deixar a Alemanha de joelhos, com o sistema de transportes à beira do colapso, com camionistas e médicos a prometerem aderir à greve. Os supermercados começam a não ter produtos e o caos está instalado”.

Mas nem uma linha sobre isto terá sido escrita nos OCD locais, e as medidas de combate às alterações climáticas do governo cessante foram buscar as respectivas verbas ao PRR (que se destinava a mitigar os efeitos da pandemia) e os tribunais deixaram passar em branco. Por conseguinte não foi preciso mexer nos impostos do gasóleo agrícola para financiar projectos verdes e os nossos agricultores ainda não se revoltaram!

O vídeo a seguir é do dia 11-1-2024 e consta do canal do Youtube da Deutsche Welle:

Henrique Sousa

Editor para Energia e Ambiente do Inconveniente

QOSHE - Protestos na Europa e o silêncio dos culpados - Henrique Sousa
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Protestos na Europa e o silêncio dos culpados

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13.01.2024

Por essa Europa fora, assiste-se à revolta dos agricultores contra governos que, a mando de Bruxelas, tomam medidas que os prejudicam e prejudicam toda a população. Estas medidas têm, quase sempre, como origem ou desculpa, a narrativa climática – neste caso trata-se alegadamente de evitar as emissões de gases de efeito estufa na agricultura e pecuária.

Muitos agricultores já foram despojados das suas terras, ficando impedidos de trabalhar; outros são confrontados com aumentos dos preços dos adubos e dos combustíveis. Na Holanda, Bélgica, França, Itália, Espanha, Polónia, Alemanha, etc. os agricultores têm protestado nas ruas contra medidas governamentais lesivas dos........

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