Acumuladores de insignificâncias
Ninguém nunca escreveu um tratado filosófico sobre as canecas promocionais que se acumulam nos armários da cozinha, mas deveria. Aquelas que ostentam a logo de empresas que já faliram, eventos que ninguém lembra ter comparecido, ou frases motivacionais que perderam o sentido na terceira lavagem. Estão lá, empilhadas precariamente, testemunhas silenciosas de nossas pequenas rendições ao marketing corporativo.
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Ao lado delas, os copos de requeijão formam uma dinastia plebeia. Começaram humildes, abrigando um laticínio industrializado, e agora servem água aos convidados menos nobres ou viram suporte para escovas de dente no banheiro. Que trajetória curiosa: do café da manhã à higiene bucal, sem passar pelo lixo. Uma “vulgaridade reencarnada” doméstica que nem budistas foram capazes de prever. Como definiu o brilhante Humberto Werneck sobre esse impostor da cozinha: “Como no alcoolismo, não se fica no primeiro copo”.
Abra a gaveta da cozinha e contemple o caos organizado das tampas sem tupperware e dos tupperware sem tampa. Isso me irrita! Existe ali uma matemática misteriosa, uma equação impossível, na qual a soma das partes nunca forma um todo utilizável. Quantas vezes você guardou sobras num pote e só descobre que a tampa correspondente desapareceu como se tivesse sido abduzida por alienígenas com fetiche por plástico barato?
No mesmo reino das incompletudes domésticas, o controle remoto da TV exibe suas cicatrizes. A fita crepe cobrindo o compartimento das pilhas no estilo camisa do........





















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