Opinião | Papai Noel, você tem a eletricidade pra me dar?
A marchinha Boas Festas, composta por Assis Valente em 1932, virou disco um pouco antes do Natal de 1933. “Anoiteceu / o sino gemeu / e a gente ficou / feliz a rezar”. O sucesso veio a trenó, consagrador e persistente.
A letra começa risonha e termina desalentada. No princípio, o cantor encomenda: “Papai Noel / vê se você tem / a felicidade / pra você me dar”. Depois, se frustra e conclui que um mimo tão precioso não vem assim de graça. “Felicidade é brinquedo que não tem.”
A musicalidade de Assis Valente enternece. As frases melódicas reservam as notas mais longas para a sílaba final de cada verso, como se, num fôlego maior, o poeta erguesse os olhos para o céu noturno em busca de uma estrela amiga. Doída, a canção destila melancolia. Pueril, acalenta uma esperança renitente. Todos os anos, por distração ou teimosia, voltamos a entoá-la em pensamento.
Desta vez, porém, pedimos outra dádiva no lugar da felicidade: pedimos a luz elétrica. Na cidade à mercê dos apagões, ficamos na tentação de trocar, na letra, uma palavrinha de nada: queremos o substantivo “eletricidade” no lugar do substantivo “felicidade”.
A língua é viva, em mais de um sentido. Às vezes, faz chiste. Safa, caçoa da nossa aflição e zomba dos blecautes da........





















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