Julgo importantíssimo o facto de a Igreja Católica ter instituído, desde há muito, o Dia do Pai a 19 de março de cada ano. Data em que é celebrado o seu ícone da santidade, S. José, incontornável exemplo de virtudes que deve servir de modelo a todos os pais. Um humilde carpinteiro escolhido para ser esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, Filho unigénito de Deus na terra.

Pois bem, apesar de não ser a pessoa mais indicada para falar sobre a responsabilidade de quem põe um filho no mundo, resta-me expor, em breves linhas, o meu modesto pensamento sobre a condição de ser pai. E dizer da importância, nos dias que correm, do dever em dar a devida atenção ao rebento, desde cedo. Ou seja, escutá-lo, dar-lhe os melhores conselhos, desfazer dúvidas e contradições, como forma de prepará-lo para vencer obstáculos na vida.

Para além disso, o que não falta hoje é informação acerca de como um pai lidar com o filho ou filha, enquanto criança, no sentido de modelar o seu caráter e personalidade para interagir em sociedade. E uma delas está inserida neste pensamento deixado por S. João Crisóstomo, que passo a citar: – “assim como na semente que se lança para a terra já está a árvore, também no tenro coração da criança se pode deitar as sementes de todos os vícios e de todas as virtudes”.

Manda a verdade dizer que ser pai é “fixe”, mas requer muita responsabilidade quanto ao dever de infundir no coração da criança – em formação – a preciosa semente das virtudes, a fim de que possa vir a dar bons frutos. De procurar não relaxar perante as sementes inquinadas de vícios que contribuirão para a podridão da sua vida. Assim pensava o citado Santo: – “Que coisa haverá maior do que dirigir as almas e formar na virtude as crianças? Modelar as almas, eis a arte das regras, bem mais excelente do que a da pintura ou escultura”.

Sei que, atualmente, as coisas não estão fáceis. Mas se pensarmos bem, sempre foi assim. O que, por vezes, é uma falsa questão que serve de pretexto para o progenitor não atender à família. Há, isso sim, pouca vontade em propiciar ocasiões para o fazer. E porquê? Porque seria tudo uma questão de renunciar a alguns prazeres e não embarcar na intensa influência sobre complexadas teorias de falso respeito pela liberdade juvenil. O que vai dando azo a que o pai se demita do dever de educar. E quando der por ela, já o filhote, ou filhota é adulto(a).

Recordo-me de ter ouvido um amigo lamentar-se ao outro: – não sei o que deu ao meu rapaz. Sempre lhe fiz as vontades: dei-lhe tudo que havia de novas tecnologias; dinheiro; roupas de boas marcas e, mais tarde, até carta e carro. E não é que ele deu para o torto?

Ao que o amigo retorquiu: – “Pois é, sempre te vi obcecado pelo trabalho e sem tempo para nada; vivias em ritmo alucinante para ganhares dinheiro. Não lhe deste, enquanto menino, a devida atenção; nem lhe fizeste ver o que custa levar a vida. Nunca tiveste com ele uma conversa profícua. Aí tens o resultado de teres sido um pai ausente”.

Falta de tempo não é desculpa, porque os estádios enchem-se de adeptos; os eventos ficam repletos de fãs; viaja-se aos magotes; as festas arrastam multidões; a televisão é vista por milhões de pessoas; etc. E não me venham dizer que não há progenitores a assistir, mas que dizem sempre não ter uns minutos para atender à prole. Estamos é num tempo de comodismo, em que tudo serve de desculpa para não se devotarem uns breves instantes aos filhos, nem ao pai velhinho e só.

Urge, pois, recentrar a figura paternal. E para isso torna-se necessário promover a família, defendê-la e voltar a colocá-la no lugar que merece, como polo de excelência de criar e educar os filhos. E não deixar que seja o Estado a cumprir esse papel. Pois a este compete dar-lhes a instrução escolar e as habilitações como ferramentas indispensáveis à sua vida futura.

Filho és, pai serás. Como fizeres, assim acharás. O meu bem-haja a todos os pais, dignos de tal condição, no seu dia.

QOSHE - SER PAI É “FIXE”, MAS… - Narciso Mendes
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SER PAI É “FIXE”, MAS…

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18.03.2024

Julgo importantíssimo o facto de a Igreja Católica ter instituído, desde há muito, o Dia do Pai a 19 de março de cada ano. Data em que é celebrado o seu ícone da santidade, S. José, incontornável exemplo de virtudes que deve servir de modelo a todos os pais. Um humilde carpinteiro escolhido para ser esposo de Maria e pai adotivo de Jesus, Filho unigénito de Deus na terra.

Pois bem, apesar de não ser a pessoa mais indicada para falar sobre a responsabilidade de quem põe um filho no mundo, resta-me expor, em breves linhas, o meu modesto pensamento sobre a condição de ser pai. E dizer da importância, nos dias que correm, do dever em dar a devida atenção ao rebento, desde cedo. Ou seja, escutá-lo, dar-lhe os melhores conselhos, desfazer dúvidas e contradições, como forma de prepará-lo para vencer obstáculos na vida.

Para além disso, o que não falta hoje é informação acerca de como um pai lidar com o filho ou filha, enquanto criança, no sentido de modelar o seu caráter e........

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