Se, porventura, alguém possa ter dúvidas quanto ao estado financeiro do chamado “amigo do povo” português, rapidamente ficará a saber que se trata de um suposto ricalhaço. Para confirmá-lo, basta recorrer à revista Visão de 14 de dezembro de 2023 e ler. Aí, verá não só em manchete, como no seu interior os milhões que o Partido Comunista Português (PCP) recebeu de Moscovo, e de Berlim Oriental. Num trabalho de investigação jornalística que desvendou como nele se aplica a velha frase de um frade bem conhecido: “bem prega frei Tomaz, olha pr’ó que ele diz, não olhes pr’ó que ele faz”.

Ademais, os pormenores em detalhe sobre os capitais oriundos de estranhas negociatas entre algumas figuras políticas daquelas duas urbes europeias, revelam algum manancial de um capitalismo mascarado de socialismo, tão bem apregoado por gente afeta ao PCP. Beneficiário de uma teia de interesses que se movimentavam em tempos da União Soviética (US) e República Democrática Alemã (RDA).

Nesse semanário, são descritos os nomes e os cargos de algumas figuras oriundas da US e da RDA – que iam desde os ‘Serviços Secretos do KGB’, aos de espionagem – no intuito de realizarem especulação financeira. Para isso, logo a seguir ao 25 de Abril de 74, aterraram em Lisboa, a pretexto de um evento comercial, pretensos empresários e gestores de hipotéticas empresas que movimentavam muitos milhões em negócios. Dos quais colhiam dividendos com que fintavam fronteiras e alfândegas evitando, assim, a sua deteção até entrarem nos seus bolsos.

Só que a seguir ao “PREC”, após o 25 de novembro de 75, tudo mudou. E com a queda do muro de Berlim, em 1989, foi o fim. Aí, tocou ao PCP uma empresa gráfica, a “Heska Portuguesa”, cujo valor rondava os dois milhões de marcos, ainda que outras houvesse. Embora em tempos anteriores já tivesse recebido outras quantias da US e RDA, no intuito de apoiar os movimentos guerrilheiros de libertação em África. Desta feita, estavam dados os primeiros passos do PCP no real capitalismo.

Ora, esta espécie de “corso entrudesco” prossegue com uma outra notícia do DN, do passado mês de novembro, que nos dava conta de que o PCP é um dos grandes proprietários do imobiliário nacional. Ou seja, é dono e senhor de 281 imóveis urbanos em Portugal. Alguns deles em locais estratégicos e caros, porém, nenhum de cariz social.

Disso dava conta o referido jornal em que citava a aquisição de mais um imóvel antigo, em Aveiro – denominado “Vivenda Aleluia” –adquirido, de forma algo nublosa, por 350.000 e que o PCP viria a transformar num bloco de 7 pisos. E aqui é que a “máscara” cai ao atribuir, em 2023, valores de venda exorbitantes a cada uma das 15 frações. Tendo fixado os T2 a 500.000€ e os T3 a uns míseros 700.000€. Preços nada compatíveis com a sua lengalenga em ralação às casas a custos baixos para as classes de parcos rendimentos.

Esta costela de enriquecimento camuflado do dono dos Verdes e da CGTP, para quem tanto diz odiar o capitalismo, só nessas transações, arrecada uma quantia perto dos 5 milhões de euros para a sua conta-corrente. Debalde os esforços dos jornalistas, no intuito de obterem declarações de alguém do partido, ninguém esteve disponível. Já Cunhal, se vivo fosse, responderia assim: – milionário, o PCP? Olhe que não, olhe que não!”.

Com efeito, estes dois casos são meros exemplos daquilo que foi divulgado pelos órgãos de Informação. Contudo, muito daquilo que é importante e não se sabe dir-nos-ia muito mais acerca deste disfarçado defensor do proletariado, cujo discurso em nada corresponde à igualdade, solidariedade e distribuição de riqueza aos que mais precisam.

Depois disto, fiquei a pensar sobre como é possível existir tal “disfarce” na política da extrema-esquerda de amor aos famélicos e ao povo trabalhador. Sobretudo, quando fala em falta de habitação, causada pela especulação imobiliária no país e, depois, é o que se vê: os ciosos “Robles” desta vida em práticas de agiotagem.

QOSHE - O “disfarce” na política - Narciso Mendes
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O “disfarce” na política

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12.02.2024

Se, porventura, alguém possa ter dúvidas quanto ao estado financeiro do chamado “amigo do povo” português, rapidamente ficará a saber que se trata de um suposto ricalhaço. Para confirmá-lo, basta recorrer à revista Visão de 14 de dezembro de 2023 e ler. Aí, verá não só em manchete, como no seu interior os milhões que o Partido Comunista Português (PCP) recebeu de Moscovo, e de Berlim Oriental. Num trabalho de investigação jornalística que desvendou como nele se aplica a velha frase de um frade bem conhecido: “bem prega frei Tomaz, olha pr’ó que ele diz, não olhes pr’ó que ele faz”.

Ademais, os pormenores em detalhe sobre os capitais oriundos de estranhas negociatas entre algumas figuras políticas daquelas duas urbes europeias, revelam algum manancial de um capitalismo mascarado de socialismo, tão bem apregoado por gente afeta ao PCP. Beneficiário de uma teia de interesses que se movimentavam em tempos da União Soviética (US) e República Democrática Alemã (RDA).

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