É graças à liberdade e à democracia que temos, hoje, a maioria da população a dar palpites sobre política. Daí, a possibilidade de qualquer um de nós poder aspirar, desde que munido de habilitações académicas, proposto por um partido político e após eleito, a ir para o Parlamento Europeu (PE), cujas eleições se realizam a 9 de junho próximo.

Com um vencimento mensal a rondar os 12.000€, mais 6.000€ de ajudas de custo, livre do regime de exclusividade e outras vantagens, é o que o PE concede a quem é deputado. Quantias e regalias bem mais aliciantes do que as que vigoram no nosso país. O que representa não só um privilégio, como uma vantagem remuneratória acrescida. Isto, se tomarmos por base todos quantos trabalham por cá a soldo de pouco mais que o salário mínimo.

Imprimindo algum caráter acerado ao tema direi que temos tido muita festa, cantigas e manifestações do povo nas ruas num revivalismo “abrilista” sem precedentes. Porém, nada de novo, a não ser o habitual palavreado velho e gasto, mas sem grande referência às políticas da Comunidade Europeia (CE) de que fazemos parte.

Mesmo agora, nos debates televisivos, os cabaças de lista dos 21 candidatos ao PE parecem bem mais interessados em quezílias ideológicas, do que exibirem propostas no sentido de atacarem os perigos seguintes: o da decadência dos valores que estiveram na génese da CE; das investidas do radicalismo de esquerda, a meu ver, a principal causa do crescimento do extremismo de direita; da débil segurança e defesa europeias, face à guerra e ao terrorismo; da desconstrução da família, da falta de natalidade e da demagogia acerca das migrações.

Afinal trata-se, acho eu, duma plêiade “d’alhos e bugalhos” – aspirantes ao “bem bom” europeu – a fazerem-me lembrar um velho filme em que o Vasquinho da anatomia, de repente, virou veterinário do J. Zoológico, de Lisboa, a fim de enganar as tias do norte que lhe pagavam a pensão e os estudos, julgando-o doutor, quando gastava tudo na ramboiada. Dizia ele para o guarda do Zoo”: – “ora, 20 macacos a 20 macacos são 400 macacos. E no pagamento também entra a girafa que tem pintas de sarampo e o pombo que está neurasténico? – Ao que o guarda exclamou: – “o sr. doutor é que me saiu cá um macacório! – “Ora, amigo Carneiro andamos todos ao mesmo!” – replicou o falsário.

Em sentido similar, foram as palavras de um reputado entrevistador da TVI quando ao referir-se a um conhecido ex-eurodeputado europeu, fundador de um partido político, disse: – “fez o que todos fazem na política, safar-se na vida, ganhar o pão de cada dia, tratar do futuro dos filhos e acautelar a velhice com o ordenado da instituição a que presidiu e uma pensão de Estrasburgo.

Dito, esse, que me leva a pensar no porquê dos regressados do PE terem ficado em silêncio na festança do 25 d’Abril; de não terem tido a hombridade de prestarem contas, da sua atividade parlamentar, aos eleitores portugueses. Embora alguns deles, tivessem vindo enfiar-se no Governo e na Assembleia da República, como se albergues fossem.

Porém, em minha opinião, a saga continua com nova leva de ex-governantes e deputados em fuga para a “mina d’euros” de Bruxelas. Trocando o Parlamento português pelo PE, numa espécie de Vasquinhos fadistas, ou Durões Barrosos.

De entre alguns dos que compõe a “nata lusa” de candidatos ao PE, a sufragar, nunca lhes ouvira dizer o que dizem hoje saber sobre os dossiers e tratados da Europa a 27. O que atesta bem da sua mediania, em termos de conhecimento, decorando deles à pressa (como disse Pacheco Pereira) o óbvio e mais sonante.     

Ademais, temo bem o fraco contributo desafinado daqueles que – dizendo-se anti NATO e a favor da paz – esperam é que a Ucrânia claudique. Caloiros ao PE cujo objetivo é o de tentarem impor não só a sua agenda marxista e woke, como ver Portugal não só a abdicar do euro, como renunciar a Estado-membro, avessos confessos às políticas da economia de mercado e do Banco C. Europeu.        

QOSHE - A “NATA LUSA” DE CANDIDATOS - Narciso Mendes
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A “NATA LUSA” DE CANDIDATOS

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27.05.2024


É graças à liberdade e à democracia que temos, hoje, a maioria da população a dar palpites sobre política. Daí, a possibilidade de qualquer um de nós poder aspirar, desde que munido de habilitações académicas, proposto por um partido político e após eleito, a ir para o Parlamento Europeu (PE), cujas eleições se realizam a 9 de junho próximo.

Com um vencimento mensal a rondar os 12.000€, mais 6.000€ de ajudas de custo, livre do regime de exclusividade e outras vantagens, é o que o PE concede a quem é deputado. Quantias e regalias bem mais aliciantes do que as que vigoram no nosso país. O que representa não só um privilégio, como uma vantagem remuneratória acrescida. Isto, se tomarmos por base todos quantos trabalham por cá a soldo de pouco mais que o salário mínimo.

Imprimindo algum caráter acerado ao tema direi que temos tido muita festa, cantigas e manifestações do povo nas ruas num revivalismo “abrilista” sem precedentes. Porém, nada de novo, a não ser o habitual palavreado velho e........

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