Quem, como eu, assistiu pela TV ao 24º Congresso do Partido Socialista (PS), na FIL, com vista à consagração de Pedro Nuno Santos (PNS) como Secretario Geral, mais lhe deve ter parecido estar perante a demonstração de quem tinha maior pendor crítico. Tal era o despique entre os oradores a ver quem mais chamuscava o Presidente da República e a Procuradora-Geral da República.

Autêntico azedume discursivo, a cargo da habitual “brigada do reumático”, que se julga dona da democracia portuguesa de que fazem parte, de entre outros, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Santos Silva e Carlos César. Gente ressabiada com as decisões daquelas duas figuras do Estado que, a meu ver, foram plausíveis.

Sempre com as mesmas teorias velhas e gastas. Palavras sem a profundidade devida à realidade vigente deixada pelo Governo socialista e relativas ao caos nos Serviços Públicos, no parco crescimento económico e desenvolvimento. Ou seja, de ter colocado a Pátria portuguesa em lugar pouco relevante na Europa.

Só faltou o convite ao camarada Sócrates, a fim de se juntar à vozearia dos congressistas nas loas às virtudes do PS e a António Costa (AC). Talvez assim a coisa tivesse sido mais empolgante, apesar de quase ficar nauseado com aquelas caras que, há 50 anos metem a sua colherada no insosso caldo em que a nossa democracia se transformou.

Todas elas e eles, sempre com a mesma conversa fiada de que para além do PS, é o vácuo. De que é a única alternativa a ele próprio. Ou seja, de se rever num regime monopartidário, de preferência socialista e só de esquerda. Vozes alinhadas que, a dada altura, me fizeram lembrar a velha União Nacional.

Um autêntico laudatório dos socialistas, cada qual o melhor, na procura de santificarem AC, após uma hipotética canonização proporcionada pelos seus nefastos milagres. Sobretudo, os de ter transformado livros e caixas de vinho em dinheiro vivo, mesmo ao lado do seu gabinete. E de ter feito de Galamba, o cabecilha de uma espécie rede de “malandrice”. Sem dúvida de que AC é um verdadeiro artista capaz, como se viu, de conseguir colocar o congelado TGV a ferver nas mãos de quem, após o próximo 10 de março, vier a governar o país.

Palestra em que o “fogueteiro-mor”, PNS – oriundo da sarrabulhada governativa apeada do poder – veio propor-se a governar Portugal, caso vença as eleições. E ajudas não lhe têm faltado de algumas televisões e imprensa, dado que promete dar continuidade ao mesmo folclore político do seu antecessor.

Ou seja, deixar tudo na mesma, já que pior não pode ser: o SNS incapaz; a Habitação em “star-stop”; a Educação ao serviço das pancadas do género e pronta a despachar 30% dos jovens para o estrangeiro; a Justiça em permanente suspeição, etc.

PNS passou o tempo todo a ver os comboios como quem vê Braga por um canudo em dia de nevoeiro, isto é, velhos, gastos e na maioria das vezes atrasados, ou fora de circulação. Deixando quem mais deles precisa, sujeito a ver a sua vida andar para trás em termos de compromissos do dia-a-dia.

Na TAP, onde PNS despachava tudo por WhatsApp, deixo-a encravada num negócio de privatização que eu próprio me interrogo se alguma vez se fará pelas suas mãos. Dado ter que estar sempre em sintonia com os satélites PCP e o BE, caso assuma as rédeas do País. Já que precisará de ter os sindicatos afetos à CGTP sem fazerem ondas.

Sob o signo de “Portugal Inteiro”, PNS prometeu colar os cacos em que o PS deixou o país. Com todos a fazerem o pino, piruetas com duplo encarpado em torno dele. Porém, pouco virtuoso em termos de projetos de fundo, a não ser o de um salário mínimo de 1000€, para 2028, a ver quem dá mais.

Ora, em contraste com o “Sarau” de glosas e encómios da malta congressista do PS, na FIL, tivemos as lúcidas palavras escritas no Público pelo sociólogo, António Barreto: “tudo cabe dentro do PS. Virtuosos e bandidos. Maçons e católicos. Rigorosos e trapalhões. Por isso se sucedem a si próprios, por isso se alternam”.

QOSHE - “SARAU” DE GLOSAS E ENCÓMIOS - Narciso Mendes
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“SARAU” DE GLOSAS E ENCÓMIOS

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22.01.2024

Quem, como eu, assistiu pela TV ao 24º Congresso do Partido Socialista (PS), na FIL, com vista à consagração de Pedro Nuno Santos (PNS) como Secretario Geral, mais lhe deve ter parecido estar perante a demonstração de quem tinha maior pendor crítico. Tal era o despique entre os oradores a ver quem mais chamuscava o Presidente da República e a Procuradora-Geral da República.

Autêntico azedume discursivo, a cargo da habitual “brigada do reumático”, que se julga dona da democracia portuguesa de que fazem parte, de entre outros, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Santos Silva e Carlos César. Gente ressabiada com as decisões daquelas duas figuras do Estado que, a meu ver, foram plausíveis.

Sempre com as mesmas teorias velhas e gastas. Palavras sem a profundidade devida à realidade vigente deixada pelo Governo socialista e relativas ao caos nos Serviços Públicos, no parco crescimento económico e desenvolvimento. Ou seja, de ter colocado a Pátria portuguesa em lugar pouco relevante na Europa.........

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