Enquanto se aguarda a consolidação da composição definitiva da Assembleia da República que terá lugar quando foram nomeados todos os Secretários de Estado e quando os ainda atuais governantes e candidatos a deputados socialistas tomarem posse como parlamentares, poder-se-á, desde já, retirar algumas ilações da campanha eleitoral no distrito.

As visitas dos candidatos da coligação vencedora foram muitas, desde aos organismos de proteção civil, às forças de segurança, às escolas, às instituições de solidariedade social, às empresas, aos serviços municipais, às feiras, aos encontros com a imprensa, aos estabelecimentos de saúde, etc, quer a nível distrital, quer a nível concelhio, onde os representantes sociais democratas do concelho de Braga – e não é por seu um deles que terei falsa modéstia de não o dizer – tiveram parte ativa e e cumpriram condignamente de acordo com o que a posição de Braga representa para o país.

Em todos os lugares onde fizemos campanha eleitoral havia um traço em comum em relação ao estado a que o país chegou: desilusão pelos fracos salários, desilusão pelos altos impostos, desilusão pelas dificuldades da vida, desilusão pelos fracos serviços públicos, desilusão pelas falta de condições em termos materiais, de recursos humanos e financiamento dos serviços públicos.

Algo que me tocou bastante foi o que me foi dito por todos os responsáveis das instituições sociais que visitei que, além de se queixarem dos cada vez mais altos custos de contexto e da insuficiência dos apoios, queixavam-se também do poder autoritário e não pedagógico dos organismos do estado que os fiscalizam.

Aliás, como se apercebeu pelo resultado eleitoral, o país zangou-se muito com o PS que perdeu mais de 13% da sua votação anterior, mesmo com uma menor taxa de abstenção, tendo parte do seu eleitorado, como aconteceu em Braga, preferido votar em forças populistas mais à direita num sinal de raiva, desespero e frustração face às piores condições das suas vidas.

Aliás, o PS bracarense, por outro lado, deve estar mesmo preocupado com os resultados concelhios uma vez que tinha em lugares cimeiros dois elementos políticos destacadas da cidade, nada mais nada menos que o presidente da concelhia socialista e uma deputada nacional e municipal, ex presidente de junta e ex vereadora.

De facto não deve ser nada tranquilizador para Pedro Sousa e Palmira Maciel – mesmo em legislativas – perderem no concelho de Braga, em apenas dois anos, quase 9500 votos enquanto que a candidatura do PSD, do CDS e do PPM subiu mais de 2500 votos.

Além do mais, é preciso não deixar de perceber o alcance político dos votos na ADN e votos nulos que, também no concelho de Braga, numa situação normal teriam sido da coligação tripartidária: a grande maioria dos 1800 votos foram para a ADN por engano, somado ao número de votos nulos – 1115 – originados pela retificação indevida que muitos eleitores quiseram fazer no boletim de voto quando se aperceberam que tinham votado na ADN por engano e não na AD. Só aqui estamos a nos referir a 2915 votos que, numa grande maioria, teria ido para a coligação do PSD com o CDS e PPM.

Aliás, é importante que os responsáveis máximos nacionais do PSD corrijam rapidamente a sigla da coligação dos três partidos para evitar nas eleições europeias, bem como noutras que se possam seguir, igual confusão com a ADN e serem perdidos milhares de votos. Convém ter bem presente, como referi no artigo anterior, que se os votos da ADN tivessem ido para a AD, esta coligação teria tido mais votos e mais deputados que toda a esquerda junta.

Curioso também é o de observar o que dizem grande parte dos comentadores e políticos à esquerda do PSD sobre o que o futuro governo deverá fazer face ao saldo orçamental de 1.2% do PIB – mais de 3 mil milhões de euros – conseguido grande parte devido à inflação, altos impostos, diminuído investimento público e serviços públicos à mingua.

Estão todos muito preocupados como o PSD irá usar esse saldo orçamental, como se o PSD não fosse o grande defensor – desde sempre – do equilíbrio das contas públicas e não fosse o PS o partido que aprendeu demasiado tarde, depois de ter deixado o país numa bancarrota e originado um sofrimento muito doloroso para a população portuguesa durante 4 anos.

Aliás como se percebe por vozes dissonantes do PS, a começar pelo seu Presidente Carlos César, as contas públicas equilibradas não é um consensual neste partido e ainda nem todos os socialistas aprenderam a lição.

O que o PS nunca percebe é que, além de se ter contas públicas equilibradas, é necessário efetuar as reformas estruturais que Portugal precisa e das quais esteve afastado demasiado tempo, bem como saber gerir bem o país.

Algo que, estou certo, o governo de Luis Montenegro fará e fará muito bem.

QOSHE - Aspectos de realce destas eleições legislativas - Joaquim Barbosa
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Aspectos de realce destas eleições legislativas

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27.03.2024

Enquanto se aguarda a consolidação da composição definitiva da Assembleia da República que terá lugar quando foram nomeados todos os Secretários de Estado e quando os ainda atuais governantes e candidatos a deputados socialistas tomarem posse como parlamentares, poder-se-á, desde já, retirar algumas ilações da campanha eleitoral no distrito.

As visitas dos candidatos da coligação vencedora foram muitas, desde aos organismos de proteção civil, às forças de segurança, às escolas, às instituições de solidariedade social, às empresas, aos serviços municipais, às feiras, aos encontros com a imprensa, aos estabelecimentos de saúde, etc, quer a nível distrital, quer a nível concelhio, onde os representantes sociais democratas do concelho de Braga – e não é por seu um deles que terei falsa modéstia de não o dizer – tiveram parte ativa e e cumpriram condignamente de acordo com o que a posição de Braga representa para o país.

Em todos os lugares onde fizemos campanha eleitoral havia um traço em comum em relação ao estado a que o país chegou: desilusão pelos fracos salários, desilusão pelos altos impostos, desilusão pelas dificuldades da vida, desilusão pelos fracos serviços públicos,........

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