No passado domingo (17), a República do Chade realizou referendo para aprovar uma nova Constituição, após a "morte duvidosa" do Presidente (PR) Idriss Déby Itno. Porquê "duvidosa"? Porque há fortes suspeitas de que o que aconteceu entre 17 e 19 de abril de 2021, foi na realidade um parricídio. Desconfia-se que o filho, Mohamed Idriss Déby, matou o próprio pai, o PR, numa deslocação conjunta à frente de batalha no norte, contra o FACT, a Frente para a Mudança e Concórdia no Chade, um grupo insurgente que sempre encontrou refúgio no Sul da Líbia.

Confirmada a morte do PR Déby, o seu filho, mais ou menos à frente do Exército Nacional, "abarbatou" a presidência, adensando o "duvidoso" desta morte com um tiro nas costas à queima-roupa!

Déby filho garantiu 18 meses de transição e eleições livres logo de seguida, prazo já largamente ultrapassado, por influência militar, segundo os locais esclarecidos. No essencial, as opções entre o "sim" e o "não" a uma nova Constituição, é o primeiro garantir o estabelecimento de comunidades autónomas, com assembleias e conselhos tradicionais. Uma "proto-federação", que permitirá a eleição de representantes locais e a colecta de impostos regionais. Quem votou "não", perante a proposta do "sim" até parece fazer birra, já que exige a formação imediata de uma federação efectiva, já para 2024, sob a justificação que desde 1960, data da independência do colonizador francês e apesar de ter petróleo, "o Chade nunca se desenvolveu exponencialmente, de acordo com as suas potencialidades"! Uma terceira via, apelou ao boicote dizendo que este referendo apenas serve para reforçar o poder dos militares e do potencial parricida. Os resultados estão previstos serem divulgados no domingo 24. Bon Courage, Níger!

Presidenciais no Egipto

Entre 10 e 12 de Dezembro, realizaram-se no Egipto eleições presidenciais, com o general-Presidente Sissi a concorrer a um terceiro mandato consecutivo e sem alarido, ganhou as mesmas com 89,6% dos votos, num pleito com expressivos 66,8% de participação popular, o equivalente a 39 milhões de boletins contados.

O general-Presidente teve a seu favor dois factores fundamentais. O primeiro, após uma década de repressão sobre as diversas oposições do pós-Primavera Árabe, não há estrutura política que consiga alavancar uma candidatura credível nas vontades e sustentada nos dinheiros necessários. O adversário potencialmente mais forte perante o PR, Ahmed al-Tantawi, decidiu desistir da corrida, após ver os seus apoiantes e financiadores serem todos detidos. Em segundo e perante a grave crise económico-financeira (libra egípcia a valer metade desde Março de 2022 e inflação a bater nos 40% em Agosto), os egípcios optaram naturalmente por manter quem os lidera desde 2014 e que em 2019 através de alteração constitucional, conseguiu a legalidade de um terceiro mandato consecutivo, este que agora inicia.

Para a História ficarão registados os outros três candidatos 2023, Hazem Omar com 4,49%, Farid Zahran com 4,01% e Abdel-Sanad Yamama com 1,86%.

Desejo a todos/as um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

Politólogo/arabista www.maghreb-machrek.pt (em reparação)

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Referendo no Chade - Presidenciais no Egipto

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22.12.2023

No passado domingo (17), a República do Chade realizou referendo para aprovar uma nova Constituição, após a "morte duvidosa" do Presidente (PR) Idriss Déby Itno. Porquê "duvidosa"? Porque há fortes suspeitas de que o que aconteceu entre 17 e 19 de abril de 2021, foi na realidade um parricídio. Desconfia-se que o filho, Mohamed Idriss Déby, matou o próprio pai, o PR, numa deslocação conjunta à frente de batalha no norte, contra o FACT, a Frente para a Mudança e Concórdia no Chade, um grupo insurgente que sempre encontrou refúgio no Sul da Líbia.

Confirmada a morte do PR Déby, o seu filho, mais ou menos à frente do Exército Nacional, "abarbatou" a presidência, adensando o "duvidoso" desta morte com um tiro nas costas à queima-roupa!

Déby filho garantiu 18 meses de transição e........

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