O dia de hoje é de esperança para os crentes, fechando a semana mais simbólica e vertiginosa do calendário cristão. Há sete dias, no Domingo de Ramos, Jesus terá entrado triunfalmente em Jerusalém. Até quarta-feira, é objeto de contestação e vítima da traição de Judas. Na quinta-feira, lava os pés aos discípulos, deixa-lhes as últimas instruções e junta-os na Última Ceia. Condenado na sexta-feira, morre crucificado às portas de Jerusalém, enquanto Judas se suicida. É sepultado. O sábado é de silêncio, com o espírito de Jesus no Paraíso. Chega o Domingo de Páscoa, quando se descobre que o sepulcro de Jesus está vazio. É a Ressurreição, a vida que venceu a morte.

No calendário do clima, entre nós, a Páscoa coincide aproximadamente com o arranque da Primavera. Os dias começam a crescer, as temperaturas tornam-se amenas e mais agradáveis e o sol vai alternando com a chuva. A flora reage alegremente e as plantas ganham cores. Apetece sair, começar coisas novas.

No calendário político nacional deste ano, a Páscoa coincide também com um novo ciclo. A Semana Santa foi pródiga em acontecimentos. Na Assembleia da República, com nova composição, houve de tudo: acusações, traição, impasse e, por fim, uma solução salomónica. Na quarta-feira, Luís Montenegro conheceu os perigos de ter Judas à mesa e viu o seu candidato à presidência do órgão ser crucificado por três vezes. Por fim, beneficiando de uma ajuda inesperada, José Pedro Aguiar-Branco acabou por ressuscitar e, assim, alcançar o lugar a que aspirava. Uma boa escolha, devo dizer.

Homem experiente, ponderado, democrata, que terá, contudo, de saber domar o clube dos Judas que germina na Assembleia.

Na quinta-feira, o líder do PSD vai a Belém apresentar os seus discípulos: os ministros do novo Governo. Os analistas e comentadores tiveram um par de dias para escrutinar cada nome. Não sendo exceção, fiz o mesmo. Portugal precisa de fazer caminho, de regressar à normalidade política, de preservar a estabilidade.

O ambiente que se vive não é o mais favorável. A geometria das cadeiras que saiu das eleições de 10 de março não é particularmente prometedora. A perseguição feita aos titulares de cargos públicos é mais feroz (e injusta) do que nunca. A estigmatização e, não poucas vezes, o ódio ao Estado e à sua função nunca foram tão promovidos, sobretudo pelos “engenheiros do caos”, que descarregam nas redes sociais quantidades bíblicas de mensagens enganosas, mentiras e posições divisionistas.

Qualquer português responsável só pode ter palavras de alento para este novo Governo. Desde logo, porque é legítimo. Depois, porque as pessoas que o integram e se disponibilizaram para servir o país revelam uma enorme coragem e sacrifício pessoal. Por fim, porque o sucesso do Governo é o sucesso do país.

Num olhar sobre a orgânica, penso que se mantêm alguns dos equívocos do passado, presentes em Governos socialistas e sociais-democratas. Não aprecio a junção da Educação como o Ensino Superior e a Ciência, não compreendo a ausência de um Ministério do Mar e de um Ministério da Habitação, e julgo que se justifica há muito um Ministério do Desporto e da Juventude.

Neste Domingo de Páscoa, sinto-me compelido a desejar aos ministros e aos secretários de Estado a maior sorte e a expressar a minha esperança.

QOSHE - Mensagem de esperança ao novo Governo - José Mendes
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Mensagem de esperança ao novo Governo

5 0
31.03.2024

O dia de hoje é de esperança para os crentes, fechando a semana mais simbólica e vertiginosa do calendário cristão. Há sete dias, no Domingo de Ramos, Jesus terá entrado triunfalmente em Jerusalém. Até quarta-feira, é objeto de contestação e vítima da traição de Judas. Na quinta-feira, lava os pés aos discípulos, deixa-lhes as últimas instruções e junta-os na Última Ceia. Condenado na sexta-feira, morre crucificado às portas de Jerusalém, enquanto Judas se suicida. É sepultado. O sábado é de silêncio, com o espírito de Jesus no Paraíso. Chega o Domingo de Páscoa, quando se descobre que o sepulcro de Jesus está vazio. É a Ressurreição, a vida que venceu a morte.

No calendário do clima, entre nós, a Páscoa coincide aproximadamente com o arranque da Primavera. Os dias começam a crescer, as temperaturas tornam-se........

© Diário de Notícias


Get it on Google Play