O povo sabe sempre o que faz e escolheu fazer diferente. O mesmo povo que foi sábio a dar uma maioria ao PS há 2 anos, não foi agora menos sábio a mudar as regras do jogo parlamentar. É consensual dizer que foi exatamente o que não mudou na vida das pessoas que gerou a mudança política no país, através de uma histórica participação eleitoral no passado 10 de Março. A primavera de 2024 chega assim com três reflexões fundamentais dirigidas ao Stasis quo que ainda se pode interessar em evoluir. A primeira é óbvia, ainda que não tão evidente nalgumas trincheiras partidárias movidas a clubismos: o povo afinal não está alheado da política, o povo é tolerante (quanto basta) mas sabe o que não quer: imobilismo. A segunda reflexão obrigatória, ultrapassado o estado de negação e num espírito de quem quer ver, é que o sistema político e o Parlamento ainda têm espaço para novas vozes políticas. Quer isto dizer que os partidos de sempre já não representam tudo e todos como antes. A terceira, e última que me ocorre como eleitor do círculo da Europa, é a evidente necessidade de deixar o (es)taticismo eleitoral de lado, abandonar a guerrilha inútil dos “ismos” e conversar com quem pode arejar a democracia: os mais novos. Ficou claro que quando votam, votam para dizer que não se identificam com a política de antigamente. Bem sei que é desconfortável mudar, particularmente mudar o Stasis quo partidário que se acha dono do regime, mas é a única forma de evoluir: mudar. Agora, pouco importa quem viu ou deixou de ver isto a acontecer. Importa reagir, renovar, reformar, arejar: corresponder à vontade do povo e superar expectativas. Olhar para novas realidades com óculos antigos não valerá de muito. Para melhor entender o povo no passado dia 10 de Março é revisitar o nosso querido Eça de Queirós “Tudo isto era velho, e eu queria ver coisas novas…”.

QOSHE - O Stasis quo - Rui Duarte
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O Stasis quo

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25.03.2024

O povo sabe sempre o que faz e escolheu fazer diferente. O mesmo povo que foi sábio a dar uma maioria ao PS há 2 anos, não foi agora menos sábio a mudar as regras do jogo parlamentar. É consensual dizer que foi exatamente o que não mudou na vida das pessoas que gerou a mudança política no país, através de uma histórica participação eleitoral no passado 10 de Março. A primavera de 2024 chega assim com três reflexões fundamentais dirigidas ao........

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