Quando se discute a “Família” percebe-se a soberba de todos os que consideram o tema retrógrado, ultrapassado. Quase sempre fortalecidos por uma comunicação social sensacionalista, do alto de uma risível superioridade intelectual, dizem-se progressistas, procurando expor ao ridículo quem pensa diferente.
A esquerda “vanguardista” agita-se, ergue bandeiras de igualdade de género, fazendo por baralhar temas que arroga serem só seus, e assume-se, teatralmente, aterrada por se ousar falar do papel da mulher e do homem na tão famígera “Família”, empenhando-se por fazer crer que a essência do tema está na suposta visão obtusa de todos os demais.
Na verdade, o tema é pertinente e verdadeiramente premente, estranhando-se a recusa da sociedade em geral, e em particular da política, em discutir aquele que é porventura o mais severo problema dos países ocidentais, a demografia.
Portugal, e a generalidade dos países europeus, assiste de forma quase silenciosa a um assustador retrocesso demográfico por evidente ausência de políticas que permitam aos jovens assumir a natalidade de forma desejada e em condições de necessária sustentabilidade, na qual a “Família” assume um papel basilar.
Muitos, homens e mulheres, dos que hoje vociferam impropérios nas redes sociais por se ousar falar no papel de cada um na “Família”, são os que num passado recente se assumiam castrados por não poderem acompanhar os filhos de forma presente, e que tantas vezes fizeram contas à vida para concluir que os custos decorrentes da sua própria condição laboral não diferiam dos tidos com o acompanhamento e educação dos seus próprios filhos, assim tantas vezes se justificando a opção, dura, de não os ter.
Será assim tão retrogrado querer estabelecer um conjunto de condições que permitam conferir condições aos jovens, homens ou mulheres, para fazerem as suas opções de natalidade sem constrangimentos, no seio de um ambiente saudável?
Para a esquerda “vanguardista” a questão não reside no problema, por irrelevante, mas sim na definição. A aceção de “Família”, ainda que longe da sua definição tradicional, não deveria, pois, ser o tema central, bem como os designados “dona ou dono de casa”, cuja nomenclatura não deverá diferir de “cuidador familiar”.
Já todos percebemos que na essência o que preocupa é a referida nomenclatura e a temor de não se ver retratado o que designo de “parentela XYZ”, na qual, na verdade, extinguem conscientemente o papel da “Mulher” e do “Homem”, bem como do “Pai” e da “Mãe”, por considerarem ser tudo igual.
Na “parentela XYZ” a assumida mulher pode acordar de barbela porque nesse dia o homem se diz identificar como mulher, sendo que o pai nesse dia é mãe e depois logo se vê. O gato chama-se “Mini” e a gata “Boby”, pois para que não haja confusão e discriminação passou a cão. É tudo uma questão de identidade.
Respeite-se a verdadeira disforia de sexo, e condene-se esta política de angariação grosseira, forçada, assente numa propaganda quase asfixiante, valorizando-se o papel estruturante da “Família” como pilar essencial da sociedade.

QOSHE - A “Família” e a “Parentela XYZ” - José Alexandre Cunha
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A “Família” e a “Parentela XYZ”

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16.04.2024

Quando se discute a “Família” percebe-se a soberba de todos os que consideram o tema retrógrado, ultrapassado. Quase sempre fortalecidos por uma comunicação social sensacionalista, do alto de uma risível superioridade intelectual, dizem-se progressistas, procurando expor ao ridículo quem pensa diferente.
A esquerda “vanguardista” agita-se, ergue bandeiras de igualdade de género, fazendo por baralhar temas que arroga serem só seus, e assume-se, teatralmente, aterrada por se ousar falar do papel da mulher e do homem na tão famígera “Família”, empenhando-se por fazer crer que a essência do tema está na suposta visão obtusa de todos os demais.
Na verdade, o tema é pertinente e verdadeiramente premente, estranhando-se a recusa da sociedade em geral, e em........

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