Nestas últimas semanas, a morte levou vultos marcantes da Academia de Coimbra.
Um deles foi António Poiares Baptista, de 96 anos, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina (de que foi Director e Presidente do Conselho Científico), antigo Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, antigo Director dos Hospitais da Universidade de Coimbra – para além de muitos outros cargos de relevo em instituições portuguesas e internacionais.
Realce merece também o facto de ter sido um excelente nadador da Académica, tendo mesmo conquistado, quando já tinha 91 anos, o 4.º lugar a nível mundial em 50 metros bruços, na classe de Masters!
Mas acima de tudo, António Poiares Baptista era um excelente ser humano e um Amigo, que ainda há 3 anos aceitou integrar a lista que viria a ser eleita para dirigir a AAEC (Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra), ocupando desde então o lugar de Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral (a que preside o ex-Reitor João Gabriel Silva).
Era um grande Senhor, de enorme gentileza, de grande cultura e rara sensibilidade, de requintado sentido de humor, que deixa muitas saudades.
A morte levou também, no passado dia 30 de Outubro, o engenheiro Napoleão Amorim, de 99 anos, decano dos cantores de Coimbra. Outro bom Amigo, que a Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra homenageou e que o ano passado ainda veio a Coimbra (en)cantar com a sua excelente voz, acompanhado pelo jovem Simão Mota, na guitarra, e pelo veterano Humberto Matias, na viola.
Reconhecendo o seu importante papel enquanto cultor da canção de Coimbra, o Conselho de Veteranos decretou Luto Académico no dia do seu funeral, que decorreu no Porto.
Um gesto bonito, de grande simbolismo, que muito dignificou a Academia de Coimbra.
Tal como outro gesto, este da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra, que aqui quero destacar.
Foi no passado dia 3, no Palácio de São Marcos, na Gala comemorativa dos 136 anos da AAC. Ali foi prestada uma tocante homenagem póstuma a Carlos Carranca, professor universitário, poeta, escritor, homem do teatro, um dos mais consequentes apaixonados por Coimbra, pela Academia e pela Académica, e que combateu heroicamente uma cruel doença que o levou prematuramente.
Pedro Andrade declamou um dos poemas da Carlos Carranca, a que se seguiu a interpretação de “Cantiga de Amores”, de Paulo Saraiva, por três elementos do Grupo D’Anto: João Barreirinhas (guitarra), Vasco Rodrigues (viola) e Pedro Sendim (voz). Entre a assistência, estava o filho do homenageado, João Carranca. Foi comovente!
Estes gestos demonstram que, ao contrário do que pensam alguns mais velhos, os rapazes e raparigas destas novas gerações também sabem reconhecer e honrar o mérito dos que os precederam.
Ao fazê-lo, estão a honrar-se a si próprios e à Academia a que pertencem, justificando o singelo elogio que aqui deixo registado.

QOSHE - Honrar a memória - Jorge Castilho
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Honrar a memória

6 1
15.11.2023

Nestas últimas semanas, a morte levou vultos marcantes da Academia de Coimbra.
Um deles foi António Poiares Baptista, de 96 anos, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Medicina (de que foi Director e Presidente do Conselho Científico), antigo Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, antigo Director dos Hospitais da Universidade de Coimbra – para além de muitos outros cargos de relevo em instituições portuguesas e internacionais.
Realce merece também o facto de ter sido um excelente nadador da Académica, tendo mesmo conquistado, quando já tinha 91 anos, o 4.º lugar a nível mundial em 50 metros bruços, na classe de Masters!
Mas acima de tudo, António Poiares Baptista era um........

© Diário As Beiras


Get it on Google Play