O sono, uma função fisiológica essencial para a saúde humana, tem sido significativamente afetado na sociedade contemporânea e sabe-se que uma percentagem significativa da população tem dificuldade em dormir, fenómeno que ultrapassa os limites físicos e estende-se também ao domínio psicológico.
A ansiedade moderna é um dos principais catalisadores da privação de sono. A pressão constante do mundo digital, as inúmeras responsabilidades profissionais e pessoais e o stress financeiro, contribuem para um ambiente psicológico tenso. A investigação indica que a ansiedade desencadeia a libertação de cortisol, uma hormona do stress, inibindo a produção de melatonina, que é essencial para um sono saudável. Por outras palavras, uma mente agitada torna-se um obstáculo a uma boa noite de descanso.

Além disso, perturbações emocionais, como a depressão, têm uma correlação direta com os distúrbios do sono. Estudos neurocientíficos sugerem que a depressão altera os padrões de atividade cerebral enquanto dormimos, afetando as fases reparadoras do ciclo do sono. Esta interrupção prejudica a regeneração física e mental, perpetuando uma sensação de cansaço e/ou fadiga.
A prevalência de dispositivos eletrónicos na vida quotidiana também desempenha um papel significativo, como a exposição à luz azul emitida pelos smartphones e computadores, que interfere com a produção natural de melatonina e confundindo o relógio biológico interno. Isto leva a um ciclo circadiano desregulado, dificultando o processo de adormecer e comprometendo a qualidade do sono.

Perante este cenário, são fundamentais estratégias para gerir o sono e promover hábitos saudáveis, sendo essencial criar um ambiente propício ao relaxamento. Manter o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura adequada pode incentivar o corpo a entrar mais facilmente num estado de repouso. Paralelamente, criar rituais antes de dormir, como a leitura de um livro ou a prática de meditação, indica ao cérebro que é altura de abrandar. Replicar este processo cria um padrão na mente humana, que se torna automático com a repetição e sempre que se iniciar um destes rituais perto da hora de deitar, o cérebro inicia um processo de indução do sono gradual.
A gestão do stress é um elemento-chave na procura de um sono reparador e técnicas como a respiração profunda, o ioga e a atenção plena demonstraram ser eficazes na redução dos níveis de cortisol, proporcionando um estado de espírito mais calmo. Estabelecer limites para a utilização de dispositivos eletrónicos antes da hora de deitar também é crucial, permitindo que o cérebro se prepare para o descanso.

Incluir o exercício físico regular na rotina diária é outra estratégia comprovada, uma vez que a atividade física liberta endorfinas, reduzindo o stress e promovendo um sono mais profundo. No entanto, é importante evitar o exercício intenso nas horas próximas da hora de deitar, pois pode ter o efeito contrário.
Em conclusão, compreender as raízes psicológicas das dificuldades do sono é o primeiro passo para atenuar os seus efeitos. Ao abordar fatores como a ansiedade, a depressão e o impacto da tecnologia, as estratégias ajustadas podem ser incorporadas para melhorar a qualidade do sono. A adoção de uma abordagem holística, que considere tanto os aspetos psicológicos como comportamentais, é fundamental para enfrentar o desafio persistente de uma noite repousante. Lembre-se, cuide de Si! Cuide da Sua saúde!

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“Porque durmo mal?”

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16.01.2024

O sono, uma função fisiológica essencial para a saúde humana, tem sido significativamente afetado na sociedade contemporânea e sabe-se que uma percentagem significativa da população tem dificuldade em dormir, fenómeno que ultrapassa os limites físicos e estende-se também ao domínio psicológico.
A ansiedade moderna é um dos principais catalisadores da privação de sono. A pressão constante do mundo digital, as inúmeras responsabilidades profissionais e pessoais e o stress financeiro, contribuem para um ambiente psicológico tenso. A investigação indica que a ansiedade desencadeia a libertação de cortisol, uma hormona do stress, inibindo a produção de melatonina, que é essencial para um sono saudável. Por outras palavras, uma mente agitada torna-se um obstáculo a uma boa noite de descanso.

Além disso, perturbações emocionais, como a depressão, têm uma correlação direta com os distúrbios do sono. Estudos........

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