Hoje recorri ao meu Chat GPT para me ajudar na procura de um texto sobre a importância da utilização de um ensino misto, que combina tecnologia e manuais. Tinha percorrido centenas de páginas do site oficial da União Europeia, nomeadamente o Manual para garantir inclusão e equidade na educação, o Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), o NextGenerationEU, instrumento de recuperação temporária de mais de 800 mil milhões de euros para ajudar a reparar os danos económicos e sociais imediatos provocados pela pandemia de coronavírus, enfim, uma tentativa de pesar os prós e contras de uma era digital. Entretanto, algumas previsões sobrevoavam o meu pensamento: o Banco Mundial afirma que 4 em 5 crianças que entram hoje na escola terão empregos que ainda não existem; O World Economic Forum prevê que 40% das competências-chave do futuro serão diferentes das de hoje; a OCDE sabe que 50% dos empregos estão em risco pela automação. Em 2020, o World Economic Forum elencou as 10 principais competências para 2025: capacidade de pensamento analítico e inovação; aprendizagem ativa e técnicas de aprendizagem; resolução de problemas complexos; capacidade de pensamento crítico e analítico; criatividade, originalidade e iniciativa; liderança e influência social; uso da tecnologia; monitoramento e controle; design da tecnologia e programação; resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade; raciocínio, resolução de problemas e idealização. Destas 10 competências ressalvam-se 4 habilidades: resolução de problemas; autogestão; trabalho com os outros; uso e desenvolvimento de tecnologias. Cruzando todas estas informações com as orientações do Manual para garantir inclusão e equidade na educação da UNESCO, 2019, é fácil acreditar que as gerações presentes nas nossas escolas serão gerações mais inclusivas e tecnológicas. Não num quadro de dependência, mas de interação. A Recomendação do Conselho Europeu sobre a aprendizagem mista desenvolve um entendimento partilhado a nível da União Europeia..

“Aprendizagem mista” é o termo utilizado na educação e formação formais para descrever quando uma escola, um educador ou um aluno adotam mais do que uma abordagem ao processo de aprendizagem. Pode combinar a aprendizagem na escola e em outros ambientes, como empresas, centros de formação, ensino à distância, ao ar livre, em locais culturais, bem como utilizar diferentes ferramentas de aprendizagem (não) digitais. Ainda nesta mesma recomendação descreve “um caminho a seguir para o desenvolvimento de abordagens eficazes, inclusivas e envolventes a longo prazo para a aprendizagem combinada no ensino básico e secundário. Isto será útil para adaptar os sistemas de ensino escolar para que sejam mais flexíveis e inclusivos de uma ampla gama de métodos pedagógicos, ferramentas tecnológicas,…” .

Muda assim o conceito de aprendizagem. Copio a seguinte frase: “Enquanto a aprendizagem for definida de forma restrita, como a aquisição de conhecimento apresentado por um professor, as escolas provavelmente terão currículos e práticas de ensino rigidamente organizados. Em forte contraste, o currículo inclusivo tem como base a visão de que a aprendizagem ocorre quando os estudantes se envolvem ativamente e lideram a compreensão de suas experiências - Udvari-Solnar, 1996”. Muda assim o papel do professor para um papel misto também: tanto instrui como orienta e facilita a aprendizagem, na utilização de ferramentas tecnológicas e pedagógicas (o manual aqui refletido, por exemplo). Daqui resulta: Isto possibilita que um grupo diverso de estudantes seja educado em conjunto, uma vez que os estudantes não precisam estar no mesmo ponto da sua aprendizagem ou receber a mesma instrução do seu professor. Por outro lado, eles podem aprender ao seu próprio ritmo e à sua maneira, com um quadro em comum de objetivos e atividades.” no mesmo manual. O meu Chat GPT (meu sim, porque ele respondeu só para mim e adaptado ao que lhe “encomendei”), respondeu-me assim: Título - Ensino Misto como Facilitador da Aprendizagem Inclusiva. Texto - O ensino misto destaca-se como uma abordagem que permite que o currículo inclusivo floresça. A combinação de recursos tecnológicos e manuais cria um ambiente de aprendizagem flexível e adaptável.

Os alunos utilizam a tecnologia para aceder às informações, atividades interativas e materiais de apoio, enquanto os manuais adquirem uma estrutura organizada para a aprendizagem. Boa resposta! Podemos assim inferir que a tecnologia desempenha um papel fundamental na educação moderna, tornando a aprendizagem mais envolvente e acessível. Ferramentas digitais, como computadores, tablets e softwares educacionais, oferecem interatividade, personalização e recursos multimé- dia, tornando o processo de aprendizagem mais atraente para os alunos. Além disso, a tecnologia permite o acesso a uma vasta gama de recursos online, ampliando o horizonte de informações disponíveis para os alunos. Por outro lado, os manuais didáticos tradicionais têm uma longa história de eficácia no ensino. Fornecem uma estrutura organizada de conteúdo, permitindo aos alunos rever conceitos e teorias de forma sistemática. Os manuais também são portáteis, não exigem eletricidade e não têm distrações, o que os torna uma ferramenta confiável para a aprendizagem. E eis senão quando surge uma notícia para enorme alegria da maioria dos professores de que a Suécia iria desistir da educação 100% digital, como que dizendo: afinal a educação digital não serve! Para quê os computadores na escola? Se eu dissesse isto ao meu Chat GPT ele rir-se-ia dos aplausos dos professores: a Suécia não tinha um ensino-aprendizagem misto, era 100% digital. Nas nossas escolas básicas, a grande maioria do ensino-aprendizagem não é misto. Digital a 5%? O meu Chat GPT não me soube dizer por falta de dados. Eu disse-lhe, comprometendo o futuro da nossa geração atual de alunos na educação básica, que nem nesses 5% acreditava.

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“Aprendizagem mista (e o meu Chat...”

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07.11.2023

Hoje recorri ao meu Chat GPT para me ajudar na procura de um texto sobre a importância da utilização de um ensino misto, que combina tecnologia e manuais. Tinha percorrido centenas de páginas do site oficial da União Europeia, nomeadamente o Manual para garantir inclusão e equidade na educação, o Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), o NextGenerationEU, instrumento de recuperação temporária de mais de 800 mil milhões de euros para ajudar a reparar os danos económicos e sociais imediatos provocados pela pandemia de coronavírus, enfim, uma tentativa de pesar os prós e contras de uma era digital. Entretanto, algumas previsões sobrevoavam o meu pensamento: o Banco Mundial afirma que 4 em 5 crianças que entram hoje na escola terão empregos que ainda não existem; O World Economic Forum prevê que 40% das competências-chave do futuro serão diferentes das de hoje; a OCDE sabe que 50% dos empregos estão em risco pela automação. Em 2020, o World Economic Forum elencou as 10 principais competências para 2025: capacidade de pensamento analítico e inovação; aprendizagem ativa e técnicas de aprendizagem; resolução de problemas complexos; capacidade de pensamento crítico e analítico; criatividade, originalidade e iniciativa; liderança e influência social; uso da tecnologia; monitoramento e controle; design da tecnologia e programação; resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade; raciocínio, resolução de problemas e idealização. Destas 10 competências ressalvam-se 4 habilidades: resolução de problemas; autogestão; trabalho com........

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