Formada no Ceub, com passagem pelo Jornal de Brasília. Jornalista do Correio Braziliense desde 1998.

Quando o sociólogo Betinho lançou a campanha Natal sem Fome, em 1993, havia 32 milhões de famintos no Brasil. De lá para cá, o país chegou a sair do Mapa da Fome da ONU — passou oito anos fora dessa lista sombria —, mas retornou em 2022. O governo de então, obviamente, contribuiu para o retrocesso, por ter reduzido políticas públicas de enfrentamento ao problema — à época, autoridades do alto escalão sustentavam, inclusive, que a fome era fictícia.

Pesquisa mais recente da Rede Penssan, divulgada em dezembro, apontou que há no Brasil mais de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer todos os dias. Apenas quatro entre 10 famílias conseguem acesso pleno à alimentação, e a fome dobrou nos lares com crianças menores de 10 anos. É desesperador constatar que não conseguimos avançar, solidamente, no combate a esse flagelo. E estamos falando de um país que figura entre os principais produtores de alimentos do mundo.

Recentemente, o governo lançou o Plano Brasil sem Fome, que visa reduzir, ano a ano, as taxas de pobreza e o percentual de pessoas em insegurança alimentar. Também turbinou o Bolsa Família. Mas é um trabalho de longo prazo, e a fome urge. Espaço, então, para a solidariedade. Todos nós podemos colaborar com a missão de socorrer quem enfrenta as torturantes dores da privação.

Felizmente, a sociedade é generosa. A doação de alimentos aparece como a ação solidária mais comum dos brasileiros: cerca de 50% adotam essa postura, como mostra levantamento do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD).

Graças ao desprendimento, à empatia de cidadãos, o Natal sem Fome, por exemplo, já atendeu mais de 26 milhões de pessoas nessas três décadas, com o equivalente a 275 milhões de pratos de comida. A campanha deste ano teve início no mês passado, e a meta é conseguir ao menos 2 mil toneladas de alimentos.

A ONG Ação da Cidadania, que comanda a iniciativa, arrecada recursos para a compra das cestas básicas que serão entregues a famílias em situação de vulnerabilidade. As doações podem ser feitas por boleto, PIX, cartão de crédito, picpay e paypal. Para saber mais, basta acessar o site www.acaodacidadania.org.br/. Há outras entidades que também recolhem mantimentos, especialmente nos fins de ano. Se preferir, procure uma delas. O importante é fazer parte da luta, levar comida para o prato de quem mais precisa, especialmente crianças.

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QOSHE - Artigo: Solidariedade contra a fome - Cida Barbosa
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Artigo: Solidariedade contra a fome

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23.11.2023

Formada no Ceub, com passagem pelo Jornal de Brasília. Jornalista do Correio Braziliense desde 1998.

Quando o sociólogo Betinho lançou a campanha Natal sem Fome, em 1993, havia 32 milhões de famintos no Brasil. De lá para cá, o país chegou a sair do Mapa da Fome da ONU — passou oito anos fora dessa lista sombria —, mas retornou em 2022. O governo de então, obviamente, contribuiu para o retrocesso, por ter reduzido políticas públicas de enfrentamento ao problema — à época, autoridades do alto escalão sustentavam, inclusive, que a fome era fictícia.

Pesquisa mais recente da Rede Penssan, divulgada em dezembro, apontou que há no Brasil mais de 33 milhões de pessoas sem ter o que comer todos os dias. Apenas quatro entre 10 famílias........

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