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Por que bancos temem a Recuperação judicial rural?

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Nos últimos anos, o Brasil assistiu a um crescimento expressivo no número de produtores rurais que buscaram a Recuperação Judicial (RJ) como meio de reorganizar suas dívidas e preservar a continuidade da atividade. A forte oscilação dos preços das commodities, o aumento dos insumos, os eventos climáticos extremos, a retração do crédito e a instabilidade econômica criaram um cenário de verdadeira tempestade para milhares de empreendedores do campo.

Esse movimento natural, legítimo e previsto em lei, desencadeou uma reação intensa do sistema financeiro. Alguns bancos passaram a divulgar mensagens diretas ou indiretas com objetivo claro: colocar medo no produtor rural e desestimular o uso da recuperação judicial. São frases repetidas, quase decoradas:

“Se entrar em RJ, nunca mais terá crédito.”

“Isso fecha portas para sempre.”

“O banco não vai mais fazer negócio com você.”

Apesar de parecerem firmes, essas declarações são emocionais, feitas no calor da crise e não representam nem a realidade jurídica nem a realidade econômica do crédito rural no Brasil.

E este é o ponto que precisa ser dito com clareza.

A verdade é que os bancos têm medo da recuperação judicial — e há razões para isso

O temor das instituições financeiras não nasce de uma injustiça. Ele nasce do fato de que a Recuperação Judicial, especialmente no agronegócio, equilibra a relação de forças, limita abusos e retira do banco o poder de impor unilateralmente suas condições.

E esse equilíbrio gera consequências jurídicas importantes que justificam, do ponto de vista do banco, grande preocupação.

Já a abordei em outros textos, mas vou reforçar aqui porquê a RJ pode ser tão boa para os produtores rurais.

O poder do deságio: reduções que seriam impossíveis fora da RJ

Em renegociações privadas, os bancos raramente concedem qualquer deságio significativo.

Mas dentro da recuperação judicial, a realidade........

© Campo Grande News