Que tal perguntar ao ChatGPT e aceitar respostas sem critério algum?
Sempre que o debate sobre inteligência artificial ameaça sair da superfície, surge uma analogia pronta para desarmá-lo. Ela é apresentada como prova histórica irrefutável, uma espécie de lição definitiva contra qualquer cautela: no passado, professores teriam combatido as calculadoras; hoje, repetiríamos o mesmo erro ao questionar a IA. A comparação soa confortável, quase pedagógica.
E justamente por isso é enganosa.
Analogias fáceis não explicam fenômenos complexos — apenas os domesticam. Ao equiparar modelos generativos a calculadoras, apaga-se deliberadamente a diferença essencial entre uma ferramenta que executa operações e sistemas que produzem linguagem, síntese e pareceres com aparência de pensamento humano.
A calculadora não fala, não aconselha, não escreve. Não ocupa espaço simbólico. Não se apresenta como fonte de saber. Ela apenas resolve uma operação previamente definida.
Modelos generativos operam em outro registro. Eles não aceleram apenas tarefas; ocupam o território da explicação, da interpretação e da tomada de decisão discursiva. Produzem respostas completas, bem estruturadas, com tom confiante e vocabulário ajustado ao contexto.
Sabemos que o efeito é sedutor: tudo parece claro, organizado, seguro. O problema é que essa fluidez não nasce do entendimento, mas da probabilidade. O sistema não compreende o que afirma; apenas organiza palavras de forma convincente. Essa parte forçamos a barra para desconhecer.
Comparar essa dinâmica a uma calculadora é como confundir um velocímetro com um........





















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