Portugal: três reflexões para um futuro incerto
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Os resultados das últimas eleições legislativas obrigam a uma leitura para além da espuma dos resultados. Uma retumbante vitória da direita e da extrema-direita (133 deputados num parlamento de 230), sendo que o partido de extrema-direita, Chega, é um dos que tem mais peso eleitoral na Europa. Isto tudo num país que até há poucos meses era governado pelo Partido Socialista que detinha uma maioria absoluta no parlamento. Três reflexões: a não-democracia; o não-nacional; o não-presente.
A não-democracia é o conjunto factores que, não estando sujeitos ao escrutínio democrático, influenciam de modo significativo os processos políticos e, sobretudo, eleitorais. São os elefantes dentro da sala. O sistema judicial é a causa próxima de algumas crises políticas recentes. É importante averiguar se não estarão a ocorrer em Portugal casos de guerra jurídica (lawfare) à semelhança do que tem ocorrido noutros países. Trata-se do uso do sistema judicial, não para averiguar ilícitos jurídicos, mas para neutralizar adversários políticos. Esta nova arma tem sido utilizada preferencialmente contra políticos de esquerda e assenta no uso político da luta contra a corrupção. O segundo elefante é a comunicação social. Sem pôr em causa o fundamental serviço público dos média, não podemos deixar de reconhecer que nos últimos vinte anos houve uma viragem à direita no tratamento das notícias e nos comentários políticos. O modo como foi tratado o tema da TAP nos últimos anos e o tema das urgências hospitalares nos últimos meses são exemplares a esse respeito. O repetitivo e espectacularizado esmiuçamento dos casos, mais do que esclarecer os cidadãos, visava desgastar o governo. O terceiro elefante são as redes sociais que foram utilizadas, sobretudo pelo Chega e pela Iniciativa Liberal (IL), os dois partidos de ultra-direita, para criar polarização social, transformando adversários políticos a confrontar em inimigos a destruir. Uma lógica tribal ávida de adesão e avessa à confrontação dos factos cria a voragem da destruição do que está vigente de modo dominante sem curar de saber o que (e como) se deve construir para o........
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