Já não surpreende o facto de não termos árbitros nos grandes eventos internacionais. Pudera! A falta de qualidade é gritante...

Numa altura em que se aproximam a passos largos as grandes decisões da temporada no que diz respeito aos títulos, a arbitragem portuguesa volta a estar em polvorosa, algo a que já estamos habituados e que faz parte do futebol cá do burgo. Independentemente das cores clubísticas, em que uns se queixam agora, outros no passado, há uma verdade insofismável nesta grande indústria que movem milhões de euros.

Os árbitros, protagonistas de tamanho espetáculo mediático, passam sempre impunes perante os erros de monta que cometem semanalmente nos relvados, na maioria das vezes com influência direta no resultado e, por inerência, na classificação. As opiniões dos especialistas de arbitragem são sempre respeitáveis, mas, enquanto praticamente de futebol federado durante mais dez anos, acho que tenho habilitações para ter também um ponto de vista — sempre discutível, como todos os outros, naturalmente — sobre o lance, por exemplo entre Mangala e Francisco Conceição, que tanta celeuma levantou nos últimos dias.

Trata-se, a meu ver, de um penálti claro, não do tamanho da Torre dos Clérigos, mas da Torre Eiffel. Podem argumentar que invadiu o espaço, que se colocou na frente do jogador d Estoril, mil e uma justificações, mas o extremo do FC Porto foi travado à margem da lei pelo francês, primeiro com o braço e depois com a perna. António Nobre fez o que lhe competia no campo, assinalou o castigo máximo, mas Tiago Martins, o suprassumo dos VAR’s, teve um entendimento diferente, quebrando as regras do protocolo, ao aconselhar o juiz de Leiria a visionar as imagens perante um lance dúbio, com este a reverter a primeira decisão.

31 março 2024, 08:32

Em causa o lance entre Francisco Conceição e Mangala

Dias mais tarde, na Luz, o Benfica queixou-se igualmente de uma falta de Coates sobre Rafa para penálti, levando Roger Schmidt a despir a capa de gentleman com os árbitros. Um lance que suscitou várias interpretações e que poderia ter dado um outro rumo à segunda meia-final entre águias e leões. Disto isto, e o caro leitor deve ir ao encontro da conclusão, os homens do apito erram bastante — e o argumento é sempre de que errar é humano —, mas passam sem qualquer castigo. Na cúpula da arbitragem, Luciano Gonçalves, recém-empossado para novo mandato à frente dos destinos da APAF, assobia para o lado e raramente vem a terreiro comentar estes escândalos semanais que marcam um setor marcado por um enorme corporativismo. E assim segue o futebol português, sem qualquer árbitro presente nos eventos mais importantes a nível da UEFA e FIFA. A falta de qualidade é gritante, mas ninguém assume isso...

3 abril 2024, 13:03

Comentador de arbitragem A BOLA analisa lances entre Di María e Júnior Pius e entre Coates e Rafa

QOSHE - Sistema tácito: o silêncio dos culpados - Paulo Pinto
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Sistema tácito: o silêncio dos culpados

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07.04.2024

Já não surpreende o facto de não termos árbitros nos grandes eventos internacionais. Pudera! A falta de qualidade é gritante...

Numa altura em que se aproximam a passos largos as grandes decisões da temporada no que diz respeito aos títulos, a arbitragem portuguesa volta a estar em polvorosa, algo a que já estamos habituados e que faz parte do futebol cá do burgo. Independentemente das cores clubísticas, em que uns se queixam agora, outros no passado, há uma verdade insofismável nesta grande indústria que movem milhões de euros.

Os árbitros, protagonistas de tamanho espetáculo mediático, passam sempre impunes perante os erros de monta que cometem semanalmente nos relvados, na maioria das vezes com........

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