Portistas dividos? Uma eleição livre não é um desfile de amor ao querido líder e nem todos os pecados podem ser atribuídos a um único candidato
Ninguém o vai assumir, mas é natural que cada uma das duas principais listas candidatas às eleições do FC Porto tenha feito um levantamento sobre as intenções de voto dos portistas. Como ainda é cedo e muito ódio vai correr debaixo da ponte, a estratégia de comunicação é definida a partir desse ponto, integrando medidas capazes de seduzir quem vota, ao mesmo tempo que se cria uma narrativa destinada a elevar os méritos dos respetivos programas, minando, pela base, as ideias dos opositores. Isto feito num espírito democrático é perfeitamente normal.
O que não é aceitável é que se parta para o ataque pessoal, diminuindo instituições que fazem parte da história do FC Porto. E por instituição entenda-se personagens com a grandeza de José Maria Pedroto, que 39 anos depois do seu falecimento não merecia ver a sua família enxovalhada em praça pública.
5 abril 2024, 23:48
Villas-Boas em campanha na cidade de Viseu
Por outro lado, em circunstância alguma os 86 anos de Pinto da Costa devem ser utilizados como arma eleitoral. O presidente do FC Porto não aparenta ter falta de vigor ou discernimento em campanha. Mais depressa se cansam aqueles que, da sua equipa, não estão tão familiarizados com o contacto pessoal com os adeptos. Tropeça, isso sim, num discurso fatigado. Arregimenta inimigos imaginários e culpa Villas-Boas por tudo – uma AG desastrada, o inusitado assalto ao museu do clube, o atraso na obra da Academia, e, finalmente, por criar divisão nos portistas, como se uma eleição livre fosse um desfile de amor ao querido líder. Não tarda muito, Villas-Boas (Luís André para os inimigos) é chamado a tribunal popular por ter extinguido os dinossauros há 66 milhões de anos, quando o criador ainda pensava numa fórmula para nos trazer ao mundo à sua imagem. Como dizia Diácono Remédios, prossigam, mas com cuidado.