Graças aos debates promovidos pelos candidatos às eleições do FC Porto, os sócios sentem liberdade para questionar frontalmente Pinto da Costa e André Villas-Boas sem o peso psicológico de terem uma guarda pretoriana a vigiá-los e a castrar as suas intervenções, como acontece em tantas Assembleias Gerais

Falemos do debate de ideias na campanha às eleições para a cadeira do poder no FC Porto. Há quem diga que com tanto ruído e ódio destilado entre as duas principais candidaturas — as de Pinto da Costa e de André Villas-Boas – os sócios mal conseguem discernir entre o importante e o acessório. Visto de fora, pode parecer assim.

Quem anda no terreno (e os jornalistas não têm parado!) tem outra perceção: esta campanha tem o mérito de dar voz aos associados. Voz a preocupações como a bilhética e a desigualdade na distribuição de ingressos às casas do FC Porto; voz a quem sente que as claques são valorizadas ao exagero e gozam de demasiados privilégios, em comparação com o sócio anónimo que, não raras vezes com muita ginástica financeira, tem as quotas em dia.

Estes e outros assuntos deviam ser discutidos em sede de Assembleia Geral (AG). Mas quem se atreve? Pouco estão dispostos a serem silenciados e ameaçados quando sobem a um púlpito para expor preocupações desta natureza. O presidente do FC Porto assumiu que em matéria de bilhética há «coisas que estão muito mal» e uma auditoria já feita permitirá agir e repor justiça para as casas do clube, e não só. AVB, por seu turno, comprometeu-se a analisar os protocolos assinados com as claques e alterá-los se «houver perda de valor que não sirva à instituição.»

Neste momento, os sócios sentem liberdade para questionar frontalmente os candidatos sem o peso psicológico de terem uma guarda pretoriana a vigiá-los e a castrar as suas intervenções. Querendo e participando nos debates, os associados têm um poder que nunca imaginaram vir a ter e percebem que o seu voto terá um peso significativo naquelas que se preveem ser as eleições mais concorridas da história do FC Porto.

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