menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

O presidente do FC Porto e o candeeiro novo da aldeia

7 32
02.12.2025

Permitam-me os leitores do Verde à Vista que comece esta crónica com uma história que, um dia, a minha professora primária — sim, sou uma pessoa antiga e não me consigo acostumar a dizer primeiro ciclo, me contou. Ora então, era uma vez, há muitos anos, uma aldeia perdida nas montanhas onde existia apenas um candeeiro na Praça Central. Era um candeeiro muito antigo, ainda do século XIX, e a luz que emanava era fraca e trémula. Os habitantes da aldeia, é claro, queixavam-se da quase total escuridão no seu centro e os visitantes não percebiam como é que ninguém fazia nada para mudar. Um dia, porém, o velho candeeiro estragou-se e o presidente da aldeia não teve outro remédio se não substituí-lo. Quando a notícia chegou, os habitantes rejubilaram: agora sim as coisas mudariam e o centro da aldeia seria finalmente luminoso. E realmente, nos primeiros cinco dias, o novo candeeiro funcionou na perfeição. Os habitantes, habituados à quase escuridão, estavam tão felizes que organizavam serões na praça central só para desfrutarem daquela luz tão clara e brilhante. Acontece que ao sexto dia, o candeeiro novo deixou de funcionar e a praça ficou mergulhada na maior escuridão de sempre. Foi aí que o presidente decidiu chamar um técnico com urgência. E quando ele chegou fez um diagnóstico que a todos surpreendeu: o candeeiro tinha sido trocado, mas a instalação não fora mexida e, por isso, era a mesma instalação antiga e corroída de sempre, incapaz de suportar o novo modelo. Nesse dia, os habitantes da aldeia voltaram para casa cabisbaixos enquanto se perguntavam 'como é que queriam resultados diferentes se mudaram o candeeiro, mas deixaram os mesmos fios?'.

Imagino que por esta altura, história contada, o caro leitor esteja a questionar qual o meu propósito com a mesma. Pois bem, esta foi a história de que me lembrei assim que comecei a sentir desilusão com André Villas-Boas que é, metaforicamente, o novo candeeiro da aldeia (a instalação elétrica antiga será, no mesmo registo, a estrutura, mentalidade e vícios internos do Futebol Clube do

© A Bola