A rendição encomendada
Há momentos na História em que a diplomacia parece uma arte séria, construída com rigor, paciência e um entendimento profundo da fragilidade da paz. E depois há momentos que recordam Brest-Litovsk e Tilsit, não pela grandeza das negociações, mas pela violência subtil com que tratados são impostos a países exaustos.
Em Brest-Litovsk, a Rússia bolchevique assinou porque já não tinha Estado que se aguentasse de pé. Em Tilsit, Napoleão e o czar Alexandre I, sentados sozinhos num barco no meio do Niemen, decidiram, quase a sós, o destino de outros povos como quem distribui terras num testamento improvisado. Há algo dessa sombra histórica na proposta que hoje se tenta impor à Ucrânia. Não se trata de diplomacia. Trata-se de dois atores externos a discutir o futuro de um país que não lhes pertence.
O plano dos 28 pontos não nasceu de um processo estruturado. Não houve conversas formais, grupos de trabalho nem negociações multilaterais. Nasceu do improviso. Um telefonema de poucos minutos entre Steve Witkoff, empresário americano promovido à pressa a emissário político de Donald Trump, e Yuri Ushakov, o veterano conselheiro de política externa do Kremlin. Witkoff, embriagado pelo suposto sucesso de um acordo frágil em Gaza, decidiu que a mesma fórmula podia ser aplicada à Ucrânia. E o que começou como um exercício quase amador transformou-se, de repente, num documento que Moscovo passou a tratar como se fosse um texto diplomático com validade real.
Nada neste episódio tem a ver com paz. Tudo tem a ver com poder, controlo e narrativa. O Instituto para o Estudo da Guerra descreve........





















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