Uma ideia subversiva: o ar é de todos
Os cientistas descobriram uma forma de canalizar todo o ar respirável que há no mundo. Nem um fôlego fica de fora. São agora capazes de o separar por grau de pureza, odor e níveis de concentração de oxigénio. Foi a maneira ideal de fugir à poluição que se instalou em vastas zonas do planeta. E, claro, agora o ar está à venda. Há para todos os gostos e (claro) para todas as carteiras. Há o que vem canalizado diretamente das mais altas montanhas dos Alpes, puro, sadio e frio. O que vem misturado com a maresia do Atlântico Norte, salgado e intenso, ou o mais cálido e com cheiro a aloendros, vindo do Mediterrâneo. Há o seco e ligeiramente áspero, que vem dos desertos, ou o húmido, carregado de notas de verde, trazido das florestas tropicais. Isto para os que podem pagá-lo.
Há, obviamente, versões mais baratas. Ares saturados de químicos, recolhidos junto a fábricas, poluídos e estafados, apanhados nos centros das grandes metrópoles, pestilentos e pesados, vindos diretamente das imediações de esgotos a céu aberto das mais sombrias favelas. Cada um paga o que pode. Mas todos pagam.
Há quem só respire de vez em quando, caindo zonzo no chão, de tanto suster a respiração. Há quem trabalhe horas extraordinárias para levar para casa mais um pouco de ar para a família. Há quem ande de mão estendida, mendigando pelo sopro de que precisa para se aguentar. Para os que são realmente miseráveis,........





















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