A democracia na era dos algoritmos: quem decide quando já não somos nós?
A democracia não é apenas um sistema de regras; é um ecossistema de atenção, informação e conflito. Durante grande parte da sua história recente, esse ecossistema organizou-se em torno da ideia de razão pública: debate mediado por instituições, imprensa e espaços comuns de deliberação. Essa arquitectura continua a ser evocada no discurso político, mas tornou-se incompleta num mundo em que os mecanismos que estruturam o debate colectivo já não são essencialmente deliberativos, mas algorítmicos.
Durante esse período, o espaço do debate público foi imperfeito e humano. Hoje, continua a existir, mas deixou de ser neutro: é governado por algoritmos que organizam a atenção, hierarquizam opiniões e moldam a percepção do consenso político.
Não elegemos os algoritmos. Não os debatemos em parlamentos. Não conhecemos os seus critérios. Ainda assim, eles determinam o que vemos, o que ignoramos, o que nos indigna e até aquilo que acreditamos ser consensual. A democracia do século XXI não está a ser derrubada por tanques nem por golpes clássicos, mas por sistemas de optimização invisíveis, desenhados para maximizar atenção, lucro e previsibilidade comportamental.
A questão central já não é se a tecnologia influencia a política — isso é um dado adquirido — mas se as democracias conseguem sobreviver quando a mediação do........





















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