Quem abusa do álcool geralmente odeia café
Eu nunca quis machucar ninguém, mas machuquei. Nunca quis dizer muitas coisas que disse a amigos e colegas que talvez nunca me perdoem, mas aconteceu. E tem coisas que não voltam. (E nem preciso dizer que em todas essas ocasiões eu estava alcoolizada.)
Isso não acontece apenas comigo que sou alcoólatra, eu sei. Mas a diferença é que, para remediar o que eu tinha feito, eu bebia mais, o que em geral piorava ainda mais a situação. Se eu bebia e não sabia o que tinha feito, o meu antídoto para esquecer que eu não sabia o que tinha acontecido era beber mais. E isso ia virando uma bola de neve tão grande que já rolava sozinha, era difícil de frear.
Eu aprendi a me medicar com a bebida. Se alguma coisa estivesse muito ruim na minha vida, não importava o quê, eu apelava direto para a bebida, como um remédio. Não importava a dor, eu corria para o álcool para me aliviar.
Teve um momento em que o ato de beber deixou de ser recreativo para ser punitivo —eu me punia por beber, e me punia bebendo. E aí foram anos de pequenas euforias e imensas dores e estragos.
Até que não deu mais.
No dia em que eu me vi derrotada por completo, e nesse ponto acho que muitos alcoólatras que me leem se reconhecem, eu fui parar em uma sala de Alcoólicos Anônimos —uma terapia em grupo em que não........
© UOL
visit website