Segregação entre os emigrantes brasileiros
Estamos habituados a descrever os emigrantes brasileiros como uma "comunidade". No início deste ano, o atual premiê português Luís Montenegro teve um encontro em Braga com a "comunidade imigrante brasileira" (nas suas palavras), para discutir a sua integração e ouvir as suas reinvindicações. Os primeiros-ministros do Reino Unido, da Itália e do Japão já fizeram caracterizações semelhantes.
Mas a ideia litúrgica de uma "comunidade brasileira" é mais aspiracional do que naturalista, como exemplificado pela frase "só me cruzo com eles na fila da Aima", ouvida ontem por uma brasileira de alta renda em referência a "outros brasileiros" com quem teve de dividir o mesmo chão no órgão público português responsável por imigração.
A emigração é uma experiência renovadora. Para muitos representa um renascimento econômico ou uma repersonalização identitária. Mas um estudo, acabado de publicar, do pesquisador Rafael Azeredo, vinculado à universidade de Queensland na Austrália, demonstra que "as diferenças de classe social do Brasil permanecem como marcadores críticos de distinção nas comunidades diáspóricas brasileiras".
A estratificação social é levada do Brasil e reproduzida pelos emigrantes brasileiros nos países de acolhimento.
Outros acadêmicos que analisaram as comunidades brasileiras em Portugal, Reino Unido, Japão, Alemanha e EUA, concluíram que o reforço dos diferenciadores sociais acontece, sobretudo, quando brasileiros de distintos estratos sociais acabam ocupando os mesmos espaços profissionais nos novos países.
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